22 outubro 2006

A corrente



Seguindo a proposta umbigocêntrica de Carmen - que aliás é a deste blog, em parte - vou abrir um pouquinho mais da minha vida, respondendo a perguntas de uma, digamos, "corrente do bem". Vai lá:

1) Tenho vários filmes preferidos, todos eles melosos, daqueles para os quais uma caixa de lenços constitui-se acessório indispensável. Essa minha preferência é histórica, e quase mundialmente reconhecida (acho que estou meio megalomaníaca hoje, se é que é possível ser meio mega qualquer coisa). O brilho eterno de uma mente sem lembrança vi duas vezes, menos do que muitos outros, mas me marcou de maneira especial. Esse filme me fala da habilidade que muitas vezes nos falta para lidar com problemas num relacionamento afetivo, da maneira como deixamos escapar algo que começou tão bonito por não saber dizer o que pensamos, o que sentimos. E como alguns relacionamentos são tão marcantes e têm tanto a ver com nossa história, com o que somos, o que queremos ser, que mesmo tentativas dolorosas não os apagam. Ou até apagam, mas a vida, o acaso, as contingências (whatever) te levam a esse relacionamento novamente. Além de tudo o que significa pra mim atualmente, esse filme também me marcou pela grata surpresa ao ver o Jim Carey fazendo um papel totalmente diferente do Máscara. Comovente, nada caricato, humano. E as cores do filme são também impressionantes...

2) Detesto filmes irreais demais!!! O Senhor dos Anéis é pra mim insuportável, cansativo, viajante... Filmes com ET's, dinossauros, gnomos e qualquer outro ser de outra dimensão ou era são absolutamente inúteis pra mim. Até que gostei de Matrix, mas assisti depois de muita insistência de amigos... gostei mais pela transposição que se pode fazer a respeito de nossa posição de alienação à realidade. Valeu. Mas nem sonhem em me convidar para assistir a Arquivo X, por exemplo. Eca!

3) Desde que voltei para Belo Horizonte a atividade que mais me dá prazer é estar com minha sobrinha Clara, de cinco anos. Conversar, brincar de professora, de mamãe e filhinha, de cantoras, de cartas, de adoleta... Chego cansada em casa, mas sei o quanto é bom pra mim e pra ela meia horinha de brincadeiras, de atenção mútua. Me sinto amada. Fico maravilhada com a possibilidade de amar tanto uma pessoinha, de me preocupar com ela, de querer tanto bem. Como é bom vê-la crescer (como eu sofria estando longe, sem poder acompanhar suas descobertas!), perceber a infinidade de coisas que ela já sabe, já conhece... Acho que esse amor deve ser bem próximo ao amor que uma mãe sente. Ser tia é o máximo!
Ah! Assistir a Lost também é uma atividade que adoro! É o único programa que faço questão de assistir na tv, pelo qual brigo com meus irmãos, meus pais, e até com a Clara! "Segunda-feira, às 21h a tv é minha!!! Não quero nem saber!"

4) Minha paixão é o André! A cada dia me convenço que minha felicidade é mais completa com ele, que meu dia é melhor depois de um bom dia dele, que de alguma maneira e por alguma razão misteriosa toda a minha trajetória nos últimos anos teve o objetivo de me levar para os braços dele.
Além do André, e numa esfera bem diferente, perceber e buscar pequenas ou grandes mudanças em meus clientes é algo que me apaixona e me dá vontade de continuar, mesmo sendo a minha uma profissão tão difícil, tão desafiadora. Finalmente volto a me apaixonar pela Psicologia, e isso me faz muito bem!

5) A médio prazo (cinco anos) quero algumas coisas: meu carro; minha casa (pode ser um apartamento financiado); meu consultório; meus clientes (muitos!); qualidade de vida (tempo para correr, cuidar do meu cabelo, da minha pele, do meu corpo, ver minhas amigas, ler um livro não-técnico, ver um bom filme, fazer terapia); dormir e acordar ao lado do homem que eu amo hoje, compartilhar com ele nossos sucessos, fracassos, medos, anseios; ter mais auto-estima, mais autoconfiança; ajudar meus pais; ter um filho.

6) O que eu mais quero na vida é a minha paz. Serenidade, tranqüilidade, harmonia, equilíbrio. Paz pra vivenciar tudo aquilo que planejo hoje da melhor maneira possível, aprendendo muito, crescendo sempre.

Podem continuar essa corrente: Michele, Ita, Fernando, Theo, Kaori (que não sei se tem blog, mas se não tem tá desperdiçada...)!
Beijos!

14 setembro 2006

Lar

Imagem de Diego Gazola, retirado do site Descubra Minas

É interessante quando a gente pára pra pensar sobre a noção de lar. Diferentemente de casa, o lar não é físico, não é concreto, não é localizável. O lar é absolutamente da ordem das relações: relações consigo mesmo, com outras pessoas e com o ambiente físico.
Pra mim, falar de um lar é falar de relações harmônicas, de paz, de bem estar, de reconhecer cada canto da casa como seu, de reconhecer cada instante da vida como fazendo parte efetivamente da sua vida.
Já mudei de casa várias vezes. Em algumas circunstâncias muito boas, em outras muito ruins. Hoje voltei para aquela que já foi meu lar um dia (num passado bem remoto...). E é estranho perceber que apesar de um certo esforço - meu e dos outros - aqui já não é meu lar. Já não me reconheço nos cantos da casa, na história recente e não me vejo no futuro.
Sei que isso é algo com que preciso lidar por um tempo, até que eu tenha condições de construir o meu lar de novo. Sei também que essa sensação de "sem-lar" já me incomodou muito mais. E sei que é necessária constante conscientização de que meu lar sou eu, ou começa em mim.
Talvez a construção de um lar - dessa sensação de conforto, de adequação - seja mesmo tão demorada e exija tanta atenção e paciência quanto a construção de uma casa... E eu que sempre quis comprar uma casa toda pronta e decorada, pra não ter que lidar com as chatices de uma construção!

20 agosto 2006

Sensibilidade

Num post anterior comentei sobre a necessidade de ficar insensível às contingências em alguns momentos. Realmente é bom, e nos poupa de sensações e emoções bastante desagradáveis.
No entanto a insensibilidade às contingências faz com que continuemos nos comportando da mesma maneira, diante de situações diferentes - o que pode não ser (quase nunca é) muito adaptativo.
Pois bem, acabo de perceber que passei boa parte dos últimos meses (anos?) insensível a algumas contingências... E percebo, feliz, que no momento estou sensível a outras, bem interessantes. Acho que é como a questão da figura-fundo da Gestalt. Neste momento da minha vida estou totalmente sensível às contingências relacionadas à minha profissão, ao trabalho, a discussões teóricas, metodológicas, sobre o fazer psicologia e o ensinar. E é incrível como as oportunidades estão aparecendo!
Aparecendo, acho que essa é a palavra exata! As oportunidades sempre estiveram por aí... faltava-me sensibilidade para vê-las!
Estou feliz! Cansada, ansiosa - aquela ansiedade que a gente sente quando algo novo está pra acontecer - mas muito feliz.
Sinto muita saudade do André e da nossa vida, da proximidade, do contato, etc. Mas resolvi ficar menos sensível a essa contingência - a distância - e me comportar sob controle do ambiente onde estou. Até porque eu sei que o reforçador é atrasado, mas existe. Se costumo dizer que com minha dissertação aprendi a ser impulsiva, digo agora que aprendi também a ser autocontrolada. Me comportar agora sob controle de um reforçador que vem atrasado...
Ai... desculpem os termos técnicos! Estou completamente contaminada por um dia inteiro de palestras sobre análise do comportamento! :)

A imagem retirei deste site.

10 junho 2006

De volta, de novo

Mais uma vez me preparo para voltar pra casa. Mais uma vez motivada pela necessidade do aconchego e da segurança do colo dos meus pais. Como é estranho precisar do colo deles do alto dos meus 27 anos, suposta mulher maravilha... Suposta.
Outro dia minha terapeuta (sim, estou fazendo terapia, de novo) disse que o que embasa todas as minhas questões é a necessidade de me aceitar como sou, exatamente como sou: quase uma mulher maravilha. Frágil, forte, altruísta, egoísta, bonita, feia, expansiva, introvertida, super exigente, displiscente...
Continuo caçando a mim mesma... O que eu ainda não tinha percebido é que eu sempre estive bem aqui, ao meu lado.

06 abril 2006

Feliz aniversário


Então, contrariando minhas expectativas (graças a Deus!), eu tive um feliz aniversário. E digo, sem medo de exagerar, que foi o melhor aniversário desde que cheguei em Belém.
Sem estresse, do meu jeitinho, com pessoas muito queridas... tudo muito tranqüilo.
Achei que seria um dia triste, vide as circunstâncias atuais... Mas não! Foi realmente um dia muito, muito feliz. E o dia seguinte também!
Começo a perceber em mim algumas mudanças. "Mudar pra ficar tudo com está", como diria um livro que li outro dia... O que significa mudar para me adaptar às mudanças, e aí voltar ao conforto de uma situação conhecida. Então com as mudanças que venho percebendo em mim começo a me sentir confortável novamente. Não acomodada, que fique claro.
Tenho me dado o direito de sentir o que sinto, sem esconder, sem me violentar. Quero (e tenho feito) agir da maneira que acho mais adequada, mais condizente com meus sentimentos. Para algumas pessoas isso não é correto, estou sendo burra, imatura, não estou enxergando a situação.
Burra? Pode até ser que daqui a alguns anos eu tire essa conclusão. Mas no momento é o que me faz mais feliz. E isso pra mim não é burrice.

20 março 2006

Áries

Hoje, às 15h26min começou o ano astrológico. Embora eu não tenha sentido nada especial naquele momento, as matérias que vi hoje a respeito desse assunto me fizeram pensar no meu emborboletamento. Porque o ano astrológico começa em Áries, o meu signo, e indica um período de mudanças e realizações.
Pois é, mudanças eu já venho sofrendo - literalmente - nos últimos tempos. Faltam as realizações. É certo que estou aguardando o tempo certo de iniciá-las, me lembrando sempre da dica da Michele: uma borboleta, quando forçada a sair do casulo, não tem forças para alçar vôos...
Mas graças a Deus já consigo visualizar algumas realizações para o ano que se inicia hoje. Novos antigos ares, voltar a estudar, tentar curar as feridas que ficaram e ainda dóem.
Então venho aqui hoje mais para dar um feedback a todos vocês que vieram, me deram força, se dispuseram a ser árvore... Valeu! E ainda vale muito. Ainda não prometo freqüência de postagens, já que agora, além de um pouco machucada também estou sem computador. Mas acho que vou conseguir vir de vez em quando.
Muito, muito obrigada!
E um bom ano para todos nós...

08 fevereiro 2006

Casulo





Alguns momentos em nossas vidas exigem-nos recolhimento.
Um recolhimento ativo, intensivo, de fragilidade extrema.
Isso geralmente ajuda a voltarmos ao mundo mais fortes, prontos para uma nova etapa.
Estou entrando no meu casulo. Espero não precisar ficar lá por muito tempo. Espero também voltar aqui várias vezes, até mesmo para que meu processo de emborboletamento ocorra mais rapidamente.
Peço aos meus leitores que venham sempre. Um casulo sempre se apóia em alguma árvore ou parede...

06 fevereiro 2006

Essa cidade que só chove



Um dia chuvoso. O primeiro de muitos...

The promise
Tracy Chapman

If you wait for me then I’ll come for you
Although I’ve traveled far
I always hold a place for you in my heart
If you think of me, if you miss me once in awhile
Then I’ll return to you
I’ll return and fill that space in your heart

Remembering
Your touch
Your kiss
Your warm embrace
I’ll find my way back to you
If you’ll be waiting
If you dream of me like I dream of you
In a place that’s warm and dark
In a place where I can feel the beating of your heart

Remembering
Your touch
Your kiss
Your warm embrace
I’ll find my way back to you
If you’ll be waiting
I’ve longed for you and I have desired
To see your face your smile
To be with you wherever you are

Remembering
Your touch
Your kiss
Your warm embrace
I’ll find my way back to you
If you’ll be waiting
I’ve longed for you and I have desired
To see your face, your smile
To be with you wherever you are

Remembering
Your touch
Your kiss
Your warm embrace
I’ll find my way back to you
Please say you’ll be waiting

Together again
It would feel so good to be
In your arms
Where all my journeys end
If you can make a promise if it’s one that you can keep, I vow to come for you
If you wait for me and say you’ll hold
A place for me in your heart.

02 fevereiro 2006

Poesia


Ontem comprei meu primeiro livro de poesias. É bem verdade que já havia comprado um certa vez (Álvares de Azevedo, para o vestibular... que eu adorava ler, por sinal!), mas agora comprei sem a obrigação de ler e ser testada. Ah, e como é bom ler algo sem essa obrigação... O conhecimento por puro prazer é maravilhoso! E como comprei também outros dois livros técnicos, me dei esse luxo...
Aliás, não encaixaria a poesia na categoria do "conhecimento". Poesia é sensibilidade, é oxigênio... Poetas são mais vivos que gente comum. Tenho um poeta em casa, e sei o quanto sua sensibilidade é real, concreta. E o quanto me encanta.
O livro que comprei é Para não dizer adeus, da Lya Luft (minha amiga íntima, pela afinidade de pensamentos, ainda que não saiba). Ainda não li todo - aprendi que o conhecimento por prazer é ainda mais prazeroso quando adquirido lentamente. No entanto um poema já me chamou atenção. E é esse que transcrevo aqui. Qualquer semelhança não é mera coincidência (o meu poeta particular diz que coincidências não existem... a Lya não é minha *amiga*?)!

AUTO-RETRATO

Alguém diz que sou bondosa:
está tão enganado que dá pena.
Alguém diz que sou severa,
e acho graça.
Não sou áspera nem amena:
estou na vida como o jardineiro
se entrega a cada rosa:
corte, sangue, dor e aroma,
para que a beleza fique na memória
quando a flor passa.

(Amar é lidar com os espinhos
de quem ama por inteiro:
com força, não com fraqueza.)

30 janeiro 2006

Caminhos?

The red model II 1939, de Rene Magritte. Retirado de www.surrealists.co.uk

Curioso... estou aqui olhando para a página de postagem do blogger, pensando qual seria um bom tema para escrever. Comecei um. Apaguei. Comecei outro. Apaguei de novo. E vejo agora que, apesar de diferentes, esses mal-fadados temas convergem num ponto: o futuro.
O primeiro tema deletado foi exatamente sobre o futuro. Citaria um trecho que li há algumas horas do livro do Osho, que o André me deu em 2004. No entanto travei.
O segundo tema seria sobre a atividade de correr e como isso me faz bem. Comecei a pensar porque voltei a correr... Me lembrei de uns sonhos que tive há cerca de duas semanas... Por várias noites seguidas sonhei que caminhava com muita dificuldade, em lugares que conhecia, mas sob circunstâncias estranhas (de madrugada, sozinha). Nesses sonhos eu andava, andava, andava e não progredia, não chegava nunca... Fiquei muito incomodada com esses sonhos e resolvi caminhar (de fato), até mesmo para provar pra mim mesma que era capaz de andar, de me mover, de atingir meus objetivos.
Caminhar foi bom. Tenho alternado caminhada e corrida. Enquanto corro desafio a mim mesma, tento (e consigo) quebrar limites, meus próprios limites. E quando caminho depois da corrida entro numa espécie de transe, uma sensação muito boa... algo como sentir o corpo inteiro e ao mesmo tempo não sentir nada.
Mas juntando tudo agora, chego a conclusão de que meu futuro é atualmente uma incógnita pra mim. No livro, Osho dizia que o futuro só existe enquanto uma projeção dos nossos desejos. E eu não sei quais são meus desejos hoje. É como se eu não conseguisse caminhar (muito menos correr) porque não sei quais são meus limites, onde estou caminhando, onde quero chegar.
Para mim essa é uma situação estranha. Sou o tipo de pessoa que sempre teve um projeto de vida, que buscou realizar esse projeto sacrificando muita coisa, vencendo limites, lutando muito.
Então hoje olho pra frente e não vejo nada. E minhas pernas ficam pesadas...

26 janeiro 2006

Crescendo


A Michele me emprestou o cd com a trilha sonora de Felicity. Estou ouvindo agora... Adoro esse seriado. Conta a história de uma garota que sai de sua cidade natal para estudar em Nova Iorque, na mesma faculdade do garoto por quem ela foi apaixonada no colégio, baseada apenas nas palavras que ele escreveu no seu livro de formatura.
A Felicity foi atrás da felicidade dela, do que ela achava ser o melhor pra sua vida. Apostou na mudança, apostou na possibilidade de ser feliz. Um milhão de coisas aconteceram, ela namorou o garoto, terminou, namorou de novo, conheceu um monte de gente, fez amigos de verdade, sofreu decepções, cresceu e se tornou mulher.
A possibilidade de ir em busca da minha felicidade, não importasse onde ela estivesse, sempre me atraiu muito. Desde muito nova eu falava em morar sozinha, em viajar, conhecer o mundo. Tinha a sensação de que Belo Horizonte era pequena pra mim, que ter apenas aquela vivência seria pouco. Saí. Como Felicity, conheci muita gente, fiz amigos de verdade, amei, sofri, chorei (como chorei!), aprendi muita coisa, desaprendi outras tantas, voltei. Tornei a sair, e desta vez tida como louca por todos que conheciam minha história...
Acredito que tomar decisões - e arcar com as conseqüências delas - é fundamental no processo de crescimento do indivíduo. Enquanto todos (ou quase todos) consideravam minha atitude de voltar a Belém como inconseqüente, baseada em parcas probabilidades de dar certo, eu tinha a certeza (ou talvez a tenha agora) de que naquele momento estava crescendo mais do que quando resolvi sair pela primeira vez. Porque desta vez eu estava me expondo efetivamente à possibilidade quebrar a cara, agindo com muito medo, mas agindo. Me entregando ao que poderia ser o grande amor da minha vida, sem ter certeza de nada, só de que é preciso tentar.
Então eu penso na Felicity, em mim, na Michele (nossa mais nova Felicity)... penso no quanto é difícil sair do seio da família, da cidade que a gente conhece como a palma da mão e ir em busca de uma nova vida. Penso no quanto isso muda completamente a noção que temos de vida, de dependência, de independência, de família, de amor, de saudade... No quanto isso tudo vale a pena.
A você, Mi, desejo muito crescimento em sua nova vida em São Paulo. Que ele ocorra de maneira muito fluida, muito madura...

Fotografia retirada de www.asminasgerais.com.br

23 janeiro 2006

Ipês e nostalgia...


Pulando de link em link acabei chegando na página do Rubem Alves. Pensador mineiro (quanta honra!), escreve coisas belas e, como diz em seu livro Lições de Feitiçaria, escurecedoras, uma vez que nos levam não ao conhecimento dado, mas às perguntas... Quando estava terminando o mestrado comentei com um professor e amigo: quanto mais leio para a dissertação, tenho mais certeza que não sei nada! Ele suspirou aliviado e disse: que bom! Você está no caminho certo...
Digressões à parte, cheguei a um texto do meu conterrâneo, que falava dos ipês. Um trechinho:
"Conheci os ipês na minha infância, em Minas, os pastos queimados pela geada, a poeira subindo das estradas secas e, no meio dos campos, os ipês solitários, colorindo o inverno de alegria. O tempo era diferente, moroso como as vacas que voltam em fim de tarde. As coisas andavam ao ritmo da própria vida, nos seus giros naturais."
E lendo aquilo me bateu uma saudade de Minas... porque ipês são para mim a cara de Minas. A cara das estradas de Minas na Semana Santa, juntamente com as quaresmeiras. A cara da minha infância. Consigo sentir agora, enquanto escrevo, a sensação de alegria e ansiedade por estar viajando, a caminho do paraíso... Pra mim nenhuma estrada é como as estradas de Minas, com seu lindo mar de montanhas, salpicado do amarelo dos ipês.
Os ipês me trouxeram a Minas que não tenho mais. A Minas que não vi quando estive por lá em dezembro. Aquela que ficou na minha infância e na adolescência.
Por isso que se um dia voltar a morar em Minas quero morar no interior. Assim poderei ver ipês sempre...

21 janeiro 2006

Mais um pouco de zen

Pra pensar... Ou melhor: não pensar! Tudo a ver com a nova filosofia zen de vida...
Sobre o pensamento

Zen


Quando eu fazia terapia uma das coisas que a Ana sempre me dizia era pra ficar insensível às contingências. Não me deixar ser afetada por eventos ou pessoas que provocariam respostas (emocionais, principalmente) desagradáveis. Ser um pouco zen.
Sou mais zen que muita gente que conheço, mas algumas vezes fica difícil não perceber as coisas e não ficar absolutamente irritada com elas. E nessas situações fico entre agir com o sábio desprezo zen e armar o maior barraco... Quem sofre é meu estômago, já que não consigo agir de uma maneira nem de outra.
Ser mais zen é uma boa proposta para 2006, aliás é um passo para uma proposta maior, esta para a minha vida e das pessoas com quem convivo, das pessoas que amo: paz. Eu chego lá.

19 janeiro 2006

King Kong


Ontem fui assistir ao King Kong, de Peter Jackson. Nunca tinha assistido a nenhuma versão, então esse foi novidade pra mim (fora a antológica cena do macaco no alto do Empire State). Achei o filme interessante, apesar de ter um monte de coisas desnecessárias e ser looooongo...
Desnecessário:
  • os nativos da ilha. Achei que o diretor fosse fazer alguma relação de dependência entre os nativos e o macacão, justificando a entrega de Ann Darrel ao sacrifício... Mas não houve nada disso. Ficou no ar. E os nativos, depois de cenas horripilantes, nunca mais apareceram no filme.
  • os dinossauros. Detesto filmes com dinossauros. Eles estão perfeitos no filme, dá até medo, porque parecem de verdade. Mas continuo detestando... Será que a tal Ilha das Caveiras não passou pela era glacial???
  • os insetos e outros bichos nojentos. Precisava daquilo? E eles precisavam ser enormes daquele jeito? Passei boa parte do filme olhando pro lado, esperando as cenas passarem.
  • um problema atrás do outro. Me senti exatamente como em Senhor dos Anéis (por que será?): absolutamente cansada, só de ver os personagens saírem de um problema e entrarem em outro...
  • música o tempo todo. Não há momentos de silêncio no filme. Também me cansou...
Outra coisa questionável é a força física e a sorte daqueles personagens. Correr por entre uma manada (?) de dinossauros e não ser pisoteado é muita sorte... Ter insetos gigantes agarrados ao seu corpo levando tiros e não ser atingido por nenhum também é... E se segurar naqueles cipós sem escorregar, às vezes tendo um "colega" agarrado em sua cintura??? Haja força!
Ah, irritante também, mas aí nao por um excesso do filme: a obsessão do diretor (personagem) em filmar sua história mesmo estando diante dos maiores perigos, colocando em risco sua equipe e pouco se importando com a segurança de sua atriz principal. Eu sei que jornalismo se faz assim, documentários de episódios importantes só existem porque algumas pessoas se propuseram a enfrentar tudo e ficar lá, registrando aqueles momentos - o que não era o caso. Mas da maneira como é retratado no filme (quanta ganância), realmente me irritou...
Mas Vívian... então você não gostou do filme! Não fosse ver um filme de ficção e aventura...
Bem, na verdade fiz o André prometer que o próximo filme vai ser bem meloso, daqueles que me façam sair do cinema suspirando. Mas eu gostei de algumas coisas do King Kong.
As cenas de Nova Iorque foram ótimas. Na verdade as cenas do King Kong foram ótimas. Ele é realmente o astro do filme. Conseguiram fazer com que ele tivesse um olhar... ai meu deus... humano.
Aí é que está. O personagem principal do filme é uma fera, mas com características humanas. Aquele monstro enorme tem humor, tédio, raiva. Na cena em que ele luta com os dinossauros vê-se perfeitamente um homem - essa cena representa para mim a dominação do homem sobre a natureza, sobre o que é antigo, ultrapassado, fora dos padrões. O King Kong ama aquela moça que se parece muito muito com a Nicole Kidman (imagine se ele conhecesse a Nicole), e quando está com ela é capaz de ser doce e terno. Ele só quer estar com ela, mais nada.
O King Kong poderia ser não um macaco gigante, mas qualquer pessoa marginalizada, à parte da cultura civilizada, do sistema...

18 janeiro 2006

Coragem!

Mais uma dessas frases que pulam aos nossos olhos, implorando para serem lidas porque têm a certeza de serem absolutamente úteis naquele exato momento. Especialmente dedicada ao meu amor...


"Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho ou amor, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho!"
Pablo Neruda

17 janeiro 2006

Um dia de testes...

Outro teste... Estou tentando colocar comentários neste blog, sem que o post vá para uma página diferente... Tentando!

Testículo...

Pequeno teste... não sei se do blogger ou da minha paciência...
Lá vai.

15 janeiro 2006

They spun a web for me

Por hoje é só...

TROUBLE
By: Coldplay


Oh no, I see
A spiderweb is tangled up with me
And I lost my head
And thought of all the stupid things I'd said
Oh no, what's this?
A spiderweb and I'm caught in the middle
So I turned to run
And thought of all the stupid things I'd done
And I never meant to cause you trouble
And I never never meant to do you wrong
Ah, well if I ever caused you trouble
Oh no, I never meant to do you harm
Oh no, I see
A spiderweb and it's me in the middle
So I twist and turn
But here am I in my little bubble
Singing and I never meant to cause you trouble
And I never meant to do you wrong
Ah, well if I ever caused you trouble
Oh no, I never meant to do you harm
They spun a web for me
They spun a web for me
They spun a web for me