30 dezembro 2007

A minha vez




Esperar é estranho. Para uma pessoa como eu, que gosta de ter controle sobre as situações, não ter controle nenhum é quase uma violência. Aguardar a minha vez, resignada com o que foi determinado por outros, é realmente muito difícil.

Muitas pessoas dizem que eu transmito paz e calma. Meus maxilares sabem o quanto sou calma! Afinal, no descontrole, a única coisa que consigo conter são eles.

Meu coração dispara, minha respiração fica difícil (minhas narinas parecem estar tampadas), minha barriga dói, sinto-me tremendo por dentro. Já não fico ruborizada mais, e isso é uma vitória!

Repito um mantra: "Deus sabe o que faz". Ou "tudo posso Naquele que me fortalece". Minha religiosidade fica aflorada quando estou ansiosa. É uma maneira de garantir que o controle está nas mãos "de quem" sabe o que é melhor pra mim.

Funciona...

Imagem: http://www.sxc.hu/

24 dezembro 2007

Natal



Embora nem sempre isso fique claro, o Natal é a data comemorativa do nascimento de Jesus Cristo. Ainda que Jesus Cristo não tenha nascido de fato em um 25 de dezembro, tampouco há 2007 anos (ou 2008?), a data é válida pelo que simboliza.

Para mim, Jesus Cristo é amor e paz.
É compaixão aos que sofrem.
É perdão aos que erram.
É simplicidade.
É persistência.
É aceitação do que é diferente.
É a garantia de que algo de bom está guardado.

Por tudo isso, o que desejo neste Natal é Jesus Cristo a todos, com tudo o que Ele representa.
Boas festas!

15 dezembro 2007

Frase do dia



"Não há como fechar grandes acordos ou estabelecer bons relacionamentos sem aceitar uma dose de risco. Talvez você já tenha feito tal descoberta, mas ainda não acredita no que seus sentidos lhe dizem".

Sair da fila!

07 dezembro 2007

A Mangueira



Desde sempre a Mangueira estava ali. Sim, sempre, se eu considerar sempre uma época que começa antes de mim (mesmo que seja somente alguns anos antes de mim). Desde o meu sempre a Mangueira estava ali. Era mais magrinha antes. Os anos se passaram e sua circunferência foi aumentando (qualquer semelhança com a raça humana não deve ser mera coincidência!). E foi aumentando também sua altura, a amplitude de seus galhos, o poder refrescante de suas folhas e o sabor de suas frutas.

Nunca comi uma manga igual às que a Mangueira nos dava. Comia lá de cima, do alto de seus galhos, tirando a casca com os dentes mesmo, num retorno a uma época em que tudo era mais simples e inocente. Eu também era! Quando nosso quarto ficou pronto pedi que minha cama ficasse perto da janela, assim poderia comer manga direto do quarto nas tardes de castigo (eram raras, mas ocorriam)!

Subia na mangueira com a agilidade de um felino, mas ao tentar descer, chorava como a Nina, morta de medo de não conseguir sair ilesa de toda aquela altura. Mas sempre saí, a despeito de alguns arranhõezinhos...

Depois parei de subir na Mangueira. Já estava grandinha. Ela passou a funcionar como protetora - do calor, da luz, dos olhares indiscretos. Atraía alguns presentes de vez em quando: picapaus, o Tanuco (um tucano que vinha comer suas mangas), lindos passarinhos, rolinhas, morcegos. Ela estava sempre ali. Já não exigia a presença das crianças em seus galhos - ela sabia que já não havia mais crianças naquela casa, afinal se passaram quase trinta anos desde que a família veio morar em seu terreno. A Mangueira só pedia agora que apreciássemos seus frutos, sua sombra. Então se esmerava a cada primavera com frutas sempre numerosas e saborosas. O desejo da família de fazer um novo quintal foi sendo adiado ano após ano.

Mas neste ano os desejos se concretizaram. A Mangueira deu adeus ontem. Certamente chorou. Deve ter sentido dor, tristeza, sensação de dever cumprido. Criou uma família!

Me senti estranha ontem. Cheguei em casa e vi só os pedaços da Mangueira espalhados pelo quintal em obras. Meu quarto desnudo, desprotegido. Mangas pelo chão, as gatas miando, estranhando o ambiente, chorando pela Mangueira na qual passavam grande parte de seus dias. É uma nova configuração, um novo momento.

Sentirei sua falta, Mangueira. Todos nós! Obrigada por tudo...

02 dezembro 2007

Inseridas fora do lugar




Outro dia me deparei com uma imagem curiosa: uma parreira em plena rua Vanderlei, no bairro de Perdizes, São Paulo.

No charmoso bairro da maior cidade da América Latina, bravas uvas - verdes, novas, lindas - sobreviviam tal como se estivessem num parreiral em Toscana. Próximas ao ponto de táxi, observavam serenas a agitação de paulistanos e forasteiros num sábado que deveria ser tranqüilo.

Certamente se assustaram com o clique da pretensa câmera e com o sorriso de quem encontrou um tesouro, um elemento bucólico na cidade-formigueiro.

Belas uvas! Que lhes seja dada a oportunidade de amadurecer antes de serem exterminadas pelas frenéticas formigas cortadeiras!

29 novembro 2007

Luxo





Tive acesso na última semana a duas matérias sobre o luxo. Uma, na revista Vida Simples. Outra, na revista Season.

A Vida Simples é uma revista da editora Abril, que tem o propósito bem esclarecido pelo título. Suas matérias falam sobre bem estar, relacionamentos, coisas boas (e simples) da vida. A minha cara (quem me conhece, sabe)!

A Season é uma revista bonita, editada pela Voice Design (acabo de descobrir), e aparentemente bancada pelos shoppings chiques de Belo Horizonte. Todos aqueles nos quais entro uma vez por ano - no máximo.

Imagino que vocês já consigam imaginar o foco de cada matéria sobre o assunto Luxo, não é?

Enquanto na Vida Simples o luxo é caracterizado como algo único, exclusivo - e isso definitivamente não precisa envolver cifras - na Season as sensações e os momentos únicos só são cogitados como "artigos de luxo" na última frase do texto... No restante, só se fala sobre carros milionários, relógios caríssimos, jóias, mansões...

Aff!

Percebo em todos os aspectos da minha vida a necessidade de ter luxos simples. Porque eles envolvem sensações - e sensações, apesar de fugazes, não são perecíveis; porque são possíveis em qualquer circunstância ou situação financeira; porque seus efeitos são amplos; porque preciso aprender para então ensinar aos meus clientes; porque é mais coerente com o tipo de vida que gosto de levar e com as coisas nas quais acredito (desde abordagem psicológica até religiosidade).

De vez em quando me permito alguns luxos, por exemplo:

  • Ficar um pouco mais na cama, só pra fazer carinho na Nina
  • Brincar de mamãe e filhinha com a Clara
  • Comprar um livro novo, sentir seu cheiro, apreciar suas letras, ilustrações
  • Comer damascos secos, ou melancia com mel
  • Fazer spinning
  • Dormir no domingo à tarde
  • Ver minha amiga toda semana, mesmo muito cansada e precisando estudar, ou meus amigos de vez em quando
  • Fazer as unhas no salão, curtindo a sensação de ser cuidada
  • Alugar um filme bem meloso
  • Ir ao cinema sozinha!!!
  • Tomar uma cerveja bem gelada
  • Ir a uma exposição de arte, ou museu
  • Ver e fotografar flores
  • Blogar
  • Receber cafuné da minha mãe

E aí? Quais são os seus luxos?

26 novembro 2007

Publicidade




Outro dia sonhei que estava em um ônibus urbano, lavando peças íntimas minhas. Bizarro, né?

Quando acordei essa foi a única coisa que pensei: que bizarro! De onde surgiu essa imagem?

Quem, na realidade, se submete a lavar peças íntimas num ambiente onde pessoas desconhecidas vão e vêm, entram, saem, sem ter a menor relação umas com as outras???

Eu.

E é por isso que resolvi que algumas coisas não vou publicar aqui, por mais umbigocêntrico que seja este blog. De repente, falar de coisas muito íntimas por aqui se tornou absurdo pra mim.

Peço desculpas a quem eu possa ter exposto por aqui também. Por incrível que pareça, eu nunca pensei que isso pudesse ser ofensivo.

25 novembro 2007

Verborragia



Olhos surpreendentemente abertos
Sensibilidade borbulhante
Coração inquieto
Pensamentos agitados - mas nem aqui e nem lá
Dedos tamborilantes
Ansiedade?
Ou serão as palavras, aflitas por um lugar no antigo caderno?
No mundo!
Desejosas por liberdade...

22 novembro 2007

Feliz ano novo



Começa agora um novo tempo. Um tempo de novidades, de amadurecimento, de crescimento, de olhares diferentes para o mundo, para si mesmos.

Feliz ano novo!

12 novembro 2007

Vinícius



Passeando pela net, de blog em blog, site em site, comecei a pensar em minha paixão pelas palavras e em como gostaria de aprimorar minha escrita. Uma oficina, quem sabe?
Encontrei o site Escritório de Histórias, que traz uns links interessantes. Um deles é o link para o site de Vinícius de Moraes, que apresenta toda a obra do poetinha e ainda nos dá a possibilidade de criar nossas próprias antologias de sua obra!
Lembrei que há alguns anos (três?), ainda lá em Belém e postando no Caçador de Mim (meu antigo blog), descobri e comentei sobre esse site do Vinícius. Resolvi tentar um possível login e senha...
Encontrei minha antologia!!! Nela, vários poemas lindos. Um em especial, que resolvo (re)postar aqui, por tudo o que significa agora em minha vida.

Deleitem-se, como eu!


Antiode à tristeza

Ó enfermeira sem som do olhar sem cor
Que refletida ao último infinito
Pela lúcida insânia dos espelhos
Passeias pelo imenso corredor
Desta antiga Irmandade! Ó sonolenta
Irmã-sem-Caridade, que vagueias
Com tuas leves sandálias de silêncio
Cuidando com desvelo da saudade
E dos males de amor de cada enfermo!
Ó guardiã do ermo, provedora
De langor, que pelo imenso corredor
Deste hospital sem termo, te comprazes
Em deitar éter sobre o sofrimento
Dos que querem viver, e dar morfina
Aos que morrem de amor! Ó freira louca
Irmã-sem-Fé, a desfiar, ausente
Teu rosário sem fim de contas ocas!
Ó trânsfuga da vida, esmaecida
Monja: o que queres mais de mim?
Já não te dei meus dias, minhas noites
E até minhas auroras, não te dei?
Já te mandei embora? Não fui sempre
Teu melhor paciente, e o mais antigo?
Não fui amigo teu, mesmo doente
De ti, não fui, Madre desoladora?
Pois agora te digo: vai-te embora!
Afasta-te de mim! não mais te quero
Irmã-sem-Esperança, confessora
Sem perdão, de quem mais nada espero
Senão vazio e angústia. Irmã-sem-Dor
Com teu rosário e teu burel de cinzas
A empoeirar de tédio as minhas horas.
Vai predicar além, predicadora
Da voz ausente, vai! que se me voltas
Eu grito nomes feios, eu te espanco
Ou te enforco em teu terço de mil voltas
Ou caio na risada, ou te exorcizo
Com um gigantesco crucifixo branco
Onde, transverberando luz do flanco
Resplende o corpo nu da minha amada!

in "Para viver um grande amor (crônicas e poemas)"in "Poesia completa e prosa: "A lua de Montevidéu" "

07 novembro 2007

Arrumação



"Eu ontem joguei tanta coisa fora!
Vi o meu passado passar por mim..." (Herbert Vianna)

Ontem arrumei minhas gavetas. Organizei minhas contas, meus documentos, coloquei cada coisa em seu devido lugar: numa gaveta, objetos que me protegem e fazem bem (remédios, terços, patuás, a carteirinha da academia que não freqüento); na do meio, coisas que me fazem bela (maquiagem, material de manicure, espelho); na da direita, coisas que me ajudam a produzir (canetas, lápis, apontador, cds de dados, clipes, bloquinhos, adesivos e meu carimbo de sapinho). Nas gavetas maiores, trabalho x diversão: de um lado textos técnicos, do outro revista Cláudia e Boa Forma.

Nas gavetas abaixo da cama coloquei a pasta de documentos, finalmente organizada. Joguei fora papéis velhos, inúteis, caixas que amontoavam meu guarda-roupa.

Coloquei minhas bijuterias em caixas maiores e mais bonitas, meus badulaques de cabelo numa caixinha especial que ainda vou decorar com minhas colagens e pinturas (não sei quando!).

Interessante observar como eu guardava coisas que absolutamente não me servem, e que estavam lá simplesmente porque eu nunca havia decidido jogá-las fora. Por outro lado, alguns objetos ainda têm sua função, e não vão ser dispensados tão cedo...

Quem entra no meu quarto quase não vê diferença. Por fora ele é o mesmo. Inclusive ainda há bagunça em cima da mesa. Feliz ou infelizmente, ainda não tenho espaço suficiente para guardar meus livros sem que o quarto fique bagunçado.

No entanto por dentro há uma sensível diferença.

Sempre ouvi dizer que organizar os objetos é uma boa oportunidade para organizar a própria vida. E sei que estava protelando essa organização (ou essas) há um bom tempo. Desfazer de energias acumuladas, desatravancar a vida, separar o joio do trigo, o que fica e o que vai, determinar como fica o que fica.

Momento interessante este, da minha vida...

03 novembro 2007

Recriação


"Quando se sentir liberado, descanse e brinque. Você precisa de 'recriação' todos os dias".

Tirei essa frase do livro Terapia da aceitação, que inclusive já citei aqui. Ela é super apropriada para o momento em que estou vivendo. Estou de férias! É hora de descansar, brincar e me recriar. Momento de pontuar alguns aspectos da minha vida. Tirar as reticências e colocar pontos finais (.) ou dois pontos (:). No trabalho, hora de colocar ponto e vírgula (;) e dar uma pausa, merecida e necessária.

Planos para as férias (sou uma mulher de planos, lembrem-se!):

- Acordar quando o sono acabar
- Dormir quando o sono vier
- Comer quando der fome, só o suficiente para fazê-la ir embora
- Estudar (não posso me desvencilhar desse...)
- Viajar
- Rever amigos
- Rever um amor
- Resolver o que fazer com ele
- Chorar ou sorrir, o que tiver que ser
- Ver o pôr-do-sol no rio e no mar
- Mandar embora com a água tudo de ruim
- Conversar com Nossa Senhora de Nazaré, lá na "casa" dela
- Me renovar

É quase um reveillón... Adeus 2007!

Imagem tirada deste blog

23 outubro 2007

(In)Constante


Chove.
O guarda chuva só protege a raiz dos cabelos desbotados.
Faz frio.
Nariz gelado.
O vento sopra forte.
Fios eriçados.
No momento seguinte o calor impõe o uso de roupas frescas e banho frio.
Nenhuma folha se move.
A beleza do céu azul machuca a retina.
Mãos ágeis, pernas pesadas.
Tudo em volta é efêmero, mutante, intenso.
Por dentro só duas coisas: o amor que não muda e a dúvida que persiste.
Melhor é ter o tempo como aliado.

Vívian Marchezini Cunha - 23 de outubro de 2007

Imagem: The Walk, Woman with a Parasol, Claude Monet 1875

12 outubro 2007

Eu confio?



Feriado, finalmente algum tempo em casa e, melhor ainda: sozinha. Quando se passa cada hora do dia com outra pessoa (ou outras), um tempinho de solidão vale ouro...

Na minha solidão, coloquei no dvd o filme Premonições, com Sandra Bullock. Meus amigos sabem o quanto filmes me fazem pensar sobre minha vida (algumas vezes até estimulam algumas decisões). Com este não foi diferente.

O filme conta a história de Linda, uma dona de casa, mãe de duas meninas, casada há alguns anos com o homem que ama, mas com quem já não tem uma relação próxima. Um dia Linda acorda e recebe a notícia que seu marido morreu. No dia seguinte ele não está morto... Ao perceber que está vivendo os dias fora de ordem, Linda se vê diante de um problema: tentar evitar a morte do marido e construir uma nova relação com ele ou deixá-lo morrer e viver a partir daí uma nova vida?

Linda sabe o que vai acontecer, e sabe mais ou menos quando. Sabe que do jeito que estava vivendo não quer mais continuar. Não sabe o que pode acontecer depois: se será feliz, se dará conta sozinha, se conseguirá viver diferente, um novo relacionamento. Sabe que o que viveu no passado não pode voltar a acontecer, os tempos agora são outros. Mas como ela gostaria que fosse possível!

Não quero fazer spoiller, e acho até que não seria, já que o filme não é tão recente. Enfim, Linda abre o jogo com o marido, que então muda alguns aspectos em sua maneira de se relacionar com Linda, toma algumas decisões que preservam a relação e que garantem o futuro deles.

O filme fala de cuidar do presente, do agora. Mudar agora a relação com o outro, com o mundo, com a própria vida. Talvez isso não mude o que está para acontecer, mas mude a maneira de vivenciar o caminho até lá e, quem sabe, plantar algo diferente para o futuro.

Isso está borbulhando na minha cabeça, no meu coração. Será que ainda há o que fazer? Será que o evento é mesmo inevitável? Que tipo de coisa diferente pode ser plantado para o futuro? Tenho tanto medo que só consigo pensar no pior.

Preciso de mais fé...

10 outubro 2007

Sentir com outros



Amenizado o incômodo com a tal pulga atrás da orelha de ontem (na verdade, liguei o f.... para ela e quem tratou de colocá-la lá), volto aqui para dizer o que já queria antes: sobre o amor que sinto por algumas pessoas. Citarei alguns exemplos:

No último domingo recebi a notícia da vitória do André no Festival do CCAA, em Belém. Ele e sua banda Bate a Campa concorriam com várias bandas (não sei ao certo quantas, quase 20) a um prêmio muito significativo: a possibilidade de gravar um cd! E o André venceu! Fiquei super feliz por isso, por tudo o que essa vitória representa na carreira do André, na realização de um sonho que, como já disse antes, é lindo. O André é um músico super talentoso, merece tal realização.

Pude observar, a partir da minha reação a uma conquista que é do André, que é, sim, possível ser solidário na felicidade alheia. Não sei se a palavra é exatamente essa. Deixe-me explicar melhor... Neste caso específico, não sei em que medida a vitória produz mudanças em minha vida. Nada indica que a partir desse prêmio ele estará mais próximo ou mais distante de mim, ou seja: não tenho nada a ganhar com isso. No entanto fiquei feliz como se fosse eu mesma a vencedora.

É isso, talvez a palavra correta seja empatia, e não solidariedade.

É o que ocorre quando fico preocupada diante das buscas da Chris por bem estar; quando sinto dor quando leio os relatos de solidão da Mi (aliás, já até chorei junto com a Mi ouvindo-a contar seus sentimentos. Lembra, Mi?); quando me enchi de felicidade ao ver os olhos apertadinhos da Kaori se apertarem ainda mais pelo enorme sorriso no rosto, durante seu casamento; quando senti um enorme bem estar ao ver Carmen cantando para seu amado, realizada, na festa de casamento mais internacional e musical que já vi...

E muitos outros etcs!

A empatia é uma habilidade que o psicólogo precisa desenvolver, para que possa realizar bem seu trabalho. Ao se colocar no lugar do outro (entrando em contato com as contingências que controlam o comportamento do outro) estando ao mesmo tempo no seu próprio lugar, o psicólogo consegue se aproximar do que esse outro sente e buscar referências externas para o próximo passo a seguir.

Sei que essa é uma habilidade que não é exclusiva do psicólogo, mas essencial para ele. E sei também que não sou psicóloga em tempo integral. Mas uma coisa é certa: sou empática em tempo quase integral...
Obs: Buscando imagens para ilustrar este post, descobri um outro blog falando coisas muito semelhantes sobre empatia!
Imagem: Nela Vicente - Empatia

09 outubro 2007

Desisti



Eu ia escrever um monte de coisas bonitas aqui... Mas vi em outro lugar uma imagem da qual não gostei muito. Deixo a beleza pra depois. Vou estudar, pra ver se a pulga que está atrás da minha orelha para de me incomodar.
Desculpem...

Imagem deste site.

01 outubro 2007

Cor de rosa-choque ou cinza?



Tenho me sentido meio estranha nos últimos cinco dias. Pensativa, irritadiça, emotiva, com uma sensação de arrependimento, de inveja do que eu já fui, do que eu não sou (ainda), de tristeza por mais uma vez me dar conta que algumas coisas eu não posso viver agora - e talvez não possa viver nunca.

Parte dessas sensações eu atribuo à TPM. Não tem jeito: eu fico mesmo mais sensível "naqueles dias". Estou implementando algumas mudanças que, espero, venham a sanar essa situação mensal.

Por outro lado percebo que nos últimos tempos tenho criado algumas expectativas sobre determinados aspectos da minha vida. E se por algum tempo tais expectativas me fizeram bem, agora têm me feito mal, pois uma coisa com a qual ainda não consigo lidar muito bem, admito, é a frustração. E minhas expectativas são tão altas que estou frustrada antes mesmo do evento frustrante acontecer.

Ai, como eu sou complicada!

O fato é que tenho sentido minha "aura" de tristeza aumentando. Isso me dá medo, pois sei o quanto ela pode ser grande e persistente. E agora eu entendo quando os pacientes relatam a presença de um "fantasma": o da volta da doença.

Estou me cuidando para que isso não ocorra, mas sinto que preciso intensificar meus cuidados e focar em outros aspectos.
Imagem: Edvard Munch - Manhã (data?)

24 setembro 2007

Sol de primavera abre as janelas do meu peito



Eis que chegou a primavera, finalmente! Tempo de calor agradável, muitas flores pelas árvores e pelo chão, céu azul de brigadeiro (como diria o meu pai), tudo parecendo renascer após o recolhimento compulsório do inverno. Não, eu não moro num país de inverno rigoroso e de neve, mas os 20 graus habituais do inverno belo-horizontino já são suficientes para me transformar na pessoa mais rabugenta que conheço.

Então, viva a primavera!!!

Para celebrar a chegada da nova estação, ontem fiz algo que queria há muito tempo e sempre arrumava uma desculpa: fui caminhar em volta da Lagoa da Pampulha. Dia lindo, sol escaldante, cores, cheiros, sons, pessoas, animais, a linda imagem da lagoa, que além de *reforçadora em si*, evoca muitas lembranças agradáveis, daquelas que estão no fundo do coração e não vão sair nunca.

"Pula!!!"

E após uma hora e seis quilômetros de caminhada (com direito a trechos de corrida), voltei pra casa cheia de energia, renovada, direto para um banho frio perfeito. A sensação é de ter acordado para a vida. E tudo o que eu fiz foi utilizar os recursos que eu tinha à mão. Podendo ter tido um dia chato, escolhi ter um dia muito agradável, tendo a mim mesma como personagem principal num cenário especialmente preparado por Deus.

E é por isso que eu digo: a vida é boa pra quem sabe viver!
Imagem: minha mesmo! :) Vívian Marchezini, 2007

17 setembro 2007

Despedidas



Há mais de cinco anos minha vida é marcada por chegadas e partidas. Lágrimas de alegria, lágrimas de tristeza, saudade antecipada, alívio pela saudade a ser devidamente morta por momentos alegres, especialmente corriqueiros.

Em minhas andanças, algumas partidas são especiais. Minha primeira partida, em 07 de março de 2002, marcou minha entrada definitiva na vida adulta. Coincidentemente, um dia antes do Dia da Mulher. Abre parênteses: fiquei *mocinha* um dia após o dia das crianças... simbólico, né? Fecha parênteses.

Naquele março de 2002 eu viajava para Belém pela primeira vez, rumo a uma vida que eu desejava, mas não fazia a menor idéia de como seria, até porque a única pessoa que eu conhecia na minha nova cidade era o meu orientador. No aeroporto, família, amigos, todos com o coração apertado, lágrimas e sorrisos no rosto. Um lindo cartão com algum dinheiro dentro (acho que um dos presentes mais carinhosos que já recebi de amigos), muitas recomendações de juízo e a certeza de que a porta de casa estaria aberta pra mim sempre, sob qualquer circunstância.

No avião eu chorava, morta de medo, de excitação, de curiosidade, de incerteza, de saudade da pequena Clara, de 6 meses apenas, minha paixãozinha abdicada em favor do sonho de fazer um mestrado e do cumprimento da promessa que fizera a mim mesma cinco anos antes: não ser uma profissional medíocre.

Várias despedidas se sucederam, em BH, quando vinha de férias e tinha que voltar para meu trabalho em Belém; em Belém, quando me rebelei contra a falta de respeito e em favor do amor próprio no final de 2004, já *mestre* e de novo apaixonada, desta vez por uma pessoa muito mais especial; de novo em BH, quando abri mão do conforto e da segurança da casa dos meus pais para ousar ser feliz com essa tal pessoa especial, sem ter certeza de quase nada, só de que eu merecia muito ser feliz.

Finalmente vim embora novamente, para BH, talvez na pior despedida de todas, em julho de 2006. De novo eu apostava no amor próprio, mas desta vez sem me rebelar contra nada, apenas muito pesarosa da maneira como as coisas se desenrolaram. Sei que esta foi a pior despedida porque era a única que eu realmente não queria, apesar de considerá-la necessária naquele momento.

No último sábado eu estava na rodoviária de São Paulo, vindo embora após um dia inteiro de curso. Ninguém para se despedir de mim. Nada sendo deixado para trás. Naquele momento éramos eu, minha mochila e meu olhar, agora seco, observando as despedidas alheias. Impossível não lembrar de minha última despedida, ali naquela mesma rodoviária, aguardando o mesmo ônibus, tentando sentir os últimos momentos da pele macia, do calor, do cheiro, vendo pela última vez o olhar da pessoa especial. Era 25 de março de 2007. Em meio à minha maior vivência carpe diem (viva cada momento como se fosse o último), tudo que eu pensava era "não quero mais me despedir".

Interessante que lembrar desses momentos de despedida produz em mim sentimentos de tristeza, mas não só... Serenidade e aceitação parecem se misturar a incômodo e desapontamento, esperança de viver situações diferentes, de realmente não voltar a viver despedidas dolorosas como essas últimas. Esperança de estar me despedindo a cada momento das tristezas que insistiam em me acompanhar há tanto tempo, e de só permitir agora que coisas boas me aconteçam...

Imagem: Edward Hopper - Compartimento C, Vagão - 1938

28 agosto 2007

El sol y la vida



Era um lindo dia, ensolarado e quente como há tempos não se via na região quase sempre gelada, de ventos fortes e cortantes. Os pássaros cantavam, pulando pelas diversas árvores que circundavam a grande casa. Era uma casa especial.
A bela jovem aguardava os pais na varanda da casa. De estatura baixa, longos cabelos loiros cacheados, pele rosada, naquele momento a jovem assemelhava-se a uma criança, frágil, assustada diante de eventos que não conseguia explicar. Os olhos grandes e inquietos pareciam buscar uma conexão entre a realidade visível, palpável, e aquela apenas sentida. Apenas. Suas perguntas tentavam, de maneira quase desesperada, encontrar pontos comuns entre seus sentimentos e os sentimentos das outras pessoas, como se quisesse negar a condição especial na qual se encontrava naquele momento.
Confusão, sofrimento, estranhamento, encantamento. Era o que os grandes e inquietos e úmidos olhos diziam ao mundo de cores, cheiros, sons, palavras e pessoas que insistia em fazer parte apenas da vida da jovem. Apenas.
A jovem estava repleta de si, repleta do outro, e ao mesmo tempo completamente esvaziada, desconjuntada, à parte do conjunto, do todo ao qual acostumara-se a viver ao longo de sua breve porém intensa existência.
O não-saber tomava conta da casa, das pessoas que a faziam especial. Naquele momento era preciso vestir o conhecimento adquirido com os livros, com os olhos, com as mãos, com os ouvidos. Era preciso, mais que isso, vestir, como uma segunda pele, os valores construídos a partir da vivência nos mais diversos ambientes. Era preciso tentar, sob a proteção de tão importantes vestes, amenizar o sofrimento da bela jovem de olhos inquietos.
Aquele lindo dia ensolarado e quente marcara a existência das pessoas da casa especial, que perceberam, naquele momento, de uma só vez, a grandiosidade de tudo aquilo que já estava se tornando corriqueiro.
Vívian Marchezini - 28 de agosto de 2007
Imagem: Frida Kahlo, El sol y la vida (1947)

24 agosto 2007

Cansada!



É isso aí... alguém por favor páre o mundo que eu quero descansar um pouquinho...
Tô morta!!!
Não tô reclamando! Mas é que as atividades estão muitas, o tempo pra dormir está pouco, o trabalho está pesado. Quero férias!!!

02 agosto 2007

Carpinejar


Consegui a cooperação do meu celular! Olha aí a foto que eu tirei com o Carpinejar no dia do Sempre Um Papo!

25 julho 2007

Novo olhar



Ontem fui ao salão, fazer minhas unhas. Estava precisando, depois de algumas semanas (quatro?) de cutículas grandes, unhas quebradas e restos de um esmalte propositalmente claro. Do meu pé eu não vou nem comentar, coitado...
Uma mulher vai ao salão por diversas razões: para se preparar para algum evento onde cara-de-todo-dia não combina, para se sobressair diante daquela colega deslumbrante e insuportável, para ser notada por outras pessoas, para encontrar com a amiga (no salão), para contar suas últimas aventuras (e desventuras) à manicure, cabelereira, recepcionista, "terapeuta"...
Uma visita ao salão funciona também como uma oficina, onde "a máquina" é levada para passar por alguns "reparos" necessários para o prosseguimento da viagem. Reparos na aparência e na auto-estima. Funciona como um auto-carinho, um cuidado para com alguém que, afinal de contas, você ama (ou deveria amar).
E então ontem, cercada de manicure e pedicure (homens, vocês não imaginam o quanto isso é bom!), olhei para frente e me vi refletida no espelho:
Cabelos presos num coque baixo despretensioso - tentativa de refrescar-me do calor atípico do inverno mineiro;
Meus pequenos brincos de borboleta, quase sempre comigo, fazendo companhia às pequeninas pedras de zircônia na tarefa (esta bem fácil) de embelezar minhas orelhas;
Camisa branca com alguns fru-frus;
Rímel leve nos olhos - agora sempre presente para espantar um pouco o aspecto freqüentemente cansado, fruto do trabalho intenso dos últimos meses;
Sobrancelhas alinhadas pelo rímel transparente, previamente arrumadas por mim mesma;
Bochechas naturalmente coradas por conta da breve caminhada sob o sol de meio-dia;
Boca nua.
E então me percebi bonita.
Isso pode parecer arrogante, metido, antipático, pouco modesto. Mas enxergar minha própria beleza foi um gesto importante para mim, pela minha história, pelo meu momento atual, pelas inúmeras comparações às quais me submeti e me submeteram, pela minha briga freqüente com meu espelho desde que me entendo por gente, pelos elogios que já ouvi e recusei por não acreditar neles.
Não que eu considere a beleza fundamental. Fui inclusive aprendendo a não considerá-la assim, para não me frustrar ainda mais. Mas confesso que ao me perceber bela começo a me ver um pouco mais completa, como se tivesse encontrado mais uma peça do quebra-cabeça.

18 julho 2007

Prosa poética




Ontem proporcionei a mim mesma um carinho: saí do trabalho e fui para o Palácio das Artes, assistir ao Carpinejar no Sempre um Papo! Desde a semana passada ouvi o rádio o anúncio sobre a presença do meu poeta-amigo em Belo Horizonte - e de graça!!! E então prometi a mim mesma: eu vou!

Foi um ótimo programa. Ouvir o Carpinejar recitando seus poemas, dando ainda mais vida às suas palavras já cheias de emoção, de sentimentos, de força, de leveza! Ver o poeta, o artista, mais uma vez expondo sua vida pessoal, seu cotidiano, de uma maneira absolutamente autêntica e poética, muito diferente daqueles artistas que abrem seus mega-apartamentos para a Caras, tão artificiais, tão controlados pelo mercado.

O que eu mais admiro no Carpinejar e na obra dele é sua capacidade de poetizar o cotidiano, de escancarar os sentimentos de maneira clara. Tão clara que a mim é quase como um espelho. Sinto quase tudo o que ele escreve, e em muitos momentos parece-me que ele se sentou comigo, bateu um longo papo, e logo em seguida foi escrever. Escrever sobre meus sentimentos.

A partir da fala do Carpinejar, ontem, pensei algumas coisas... Ele deu a seus dentes tortos a função de infantilizador de si mesmo (acho que isso foi um neologismo meu), uma característica física sua que o mantém com ares de criança... Comecei a repensar os meus dentes tortos, a re-significá-los. Gosto do meu ar infantil, do meu jeito menina ingênua - mulher vivida. Pensarei...

Outra coisa que me chamou a atenção foi a fala do Carpinejar sobre a visão subjetiva do poeta. "A realidade passa por mim, por você. O poeta só faz poesia daquilo que o toca". E então corroborou minha postura neste blog, que é de escrever sobre o mundo a partir do meu olhar, mesmo que esse mundo seja o meu, privado. Não me sentia obrigada a escrever grandes observações a respeito dos outros, de eventos políticos, economia, etc... agora sinto-me ainda menos.

Viva meus sentimentos... Neste momento, são eles que importam!

Obs.: eu ia colocar aqui a foto que eu tirei com o Carpinejar, mas meu celular se juntou com o computador contra mim... Fica pra outra vez! No lugar, coloquei essa janela...

13 julho 2007

Balanço


Esta semana completou um ano que voltei para BH.
Para mim essa não é uma data exatamente digna de comemoração, uma vez que marca principalmente o distanciamento físico entre o homem que amo e eu. Isso ainda dói, pois outros distanciamentos (piores que o físico) ocorreram de lá pra cá.
Julho marca então um certo retrocesso em minha vida pessoal. Voltei a morar com meus pais, voltei a ter que negociar coisas com meus irmãos, brigar, seguir regras que não as minhas... ser menos independente, ter menos espaço. Voltei a me sentir sozinha, carente, mesmo com a casa cheia de gente (aff!).
No entanto devo admitir que cresci sob alguns aspectos desde a minha mudança. Comecei a trabalhar em algo que realmente me gratifica, per si, tenho aprendido demais (psicologia, psicoterapia, psicopatologia), conheci pessoas novas, comecei a construir meu patrimônio (que agora é um pouco mais do que roupas e livros... tenho um computador!), perdi meu medo de dirigir, meu cabelo está crescendo... hehehe. Claro, a convivência com a Clara sempre me faz crescer. E me faz querer ser mãe, o que não é bom agora...
Tenho buscado me compreender mais, estar mais atenta a mim mesma, aos meus sentimentos, ao que gosto, ao que não gosto... continuo querendo a mesma coisa, ou a mesma pessoa, mesmo sob protesto de alguns. Isso ainda não consegui mudar, mesmo sabendo que eu preciso.

Essa semana um paciente me contou um sonho interessante: ele estava numa jaula, preso, numa situação bem aversiva. Ele estava com a chave na mão, mas não encontrava a fechadura...
Imagem: Femme tenant un livre, Pablo Picasso, 1932

11 junho 2007

Dor



Dor, dor, dor...
Em cada célula do meu corpo
Em cada palavra pensada
Em cada situação imaginada

Dor, dor, dor...
Pelos momentos felizes
Pelos rumos tomados
Antes, agora, depois

Dor, dor, dor...
Pelos esforços insuficientes
Pela luta inglória
Pela incapacidade de sermos melhores

Dor
Até quando?


Vívian Marchezini Cunha - Belo Horizonte, 11 de Junho de 2007

27 maio 2007

Reminiscências



Remexendo em coisas antigas (e muito atuais), encontrei esse poema... Preciso voltar a poetizar!
Sol
Dia chuvoso
Música distante
Data melancólica
A cor do vestido
Meticulosamente escolhida
O faz presente
(O melhor presente)
Afasta as nuvens
Traz o sol
O ar puro
A vida
Assim é você...
Céu azul na minha vida nublada
Vívian Marchezini – Belo Horizonte, 04 de Janeiro de 2005.

13 maio 2007

Os meus, os seus, os nossos



Nesta última semana tenho pensado bastante a respeito de uma habilidade que o terapeuta deve ter: a habilidade de ser empático aos sentimentos de seu cliente, sem no entanto misturá-los aos seus próprios. Diria que isso é mais que uma habilidade, é uma arte. Porque é difícil pra caramba... Até falei com minha mãe que faria um curso de Ciências Contábeis, pois deve ser mais fácil mexer com o dinheiro dos outros do que com os problemas dos outros. Bem, quem me conhece sabe que eu não trocaria de curso ou profissão (ainda mais se ela envolve números!).
Nesse processo de se preocupar tanto com o bem estar do outro é muito fácil o terapeuta se esquecer de si mesmo. É normal perder o sono de madrugada e ficar pensando: "como eu posso fazer para ajudar o fulano, ou o sicrano? E com o beltrano, o que eu posso fazer?"??? Eu acho que não...
E então outro dia minha chefe lançou essa: "essa sua preocupação vai acabar quando você perceber que não pode resolver todos os problemas do mundo!". Minha arrogância estampada na minha cara... Minha dificuldade de lidar com frustrações, fracassos, perdas aparecendo em cada fio dos meus cabelos ruivos desbotados - até nos poucos brancos. E a frase da doutora está ecoando até agora nos meus ouvidos, esses que ouvem tanto as queixas dos outros e não têm muito tempo para ouvir as minhas...

Imagem: "Mulher no espelho", Pablo Picasso

28 abril 2007

Cittá


Quem sou eu? Eis a pergunta da semana...

Por enquanto o que eu consigo perceber é mais ou menos o que expressa essa bela letra da minha querida Marisa, devidamente "roubada" do Orkut da Mi. Mas vejo que preciso ser mais.


E o que passou, calou
E o que virá, dirá
E só ao seu lado, seu telhado
Me faz feliz de novo
O tempo vai passar
E tudo vai entrar no jeito certo de nós dois
As coisas são assim
E se será, será
Pra ser sincero, meu remédio é te amar, te amar
Não pense, por favor
Que eu não sei dizer
Que é amor tudo o que eu sinto longe de você

(Carlinhos Brown e Marisa Monte)


Imagem: Joan Miró, Bleu I, 1962

22 março 2007

Astros...



Eis o que diz o horóscopo dessa semana...

"No céu desta semana, o Sol entrará em Áries, representando o início do ano novo astrológico. Abençoado por Júpiter, o novo ciclo promete fartura, abundância, expansão e oportunidades. Vênus em Touro inspirará ternura, harmonia e sensualidade. Bom período para falar de amor e para investir na construção de uma base afetiva mais sólida. Conexão tensa entre Marte e Saturno poderá causar acidentes. Evite situações de risco e precipitações. Paciência, humildade e aceitação dos limites serão primordiais para atingir os objetivos neste período."

É interessante observar que astrologia não determina meus comportamentos, minhas escolhas. Mas até que é bacana ver que "os astros" confirmam minha postura.
É isso aí!

23 fevereiro 2007

Alone






Hoje fiz uma coisa que vivo recomendando aos meus clientes e ainda não havia feito. Fui ao cinema sozinha. Apesar de ter aprendido nos últimos anos a fazer muitas coisas sozinha, diversão inclusive, sempre considerei que ir ao cinema sozinha deveria ser muito chato, pois não há com quem comentar a história, não há ombro pra encostar nos momentos emocionantes, não há companhia para o lanche ou chopp pós-cinema...


Então, sim: eu recomendava esse tipo de programa por avaliar - teoriamente - que seria um bom exercício de amor-próprio, de auto-estima, auto-tudo... Mas no fundo eu achava que seria inclusive auto-piedade (*já que ninguém me leva ou vai comigo ao cinema, serei obrigada eu mesma, pobre de mim, a ser minha companhia*)... Putz!


Mas hoje posso dizer: não há nada de estranho em ir ao cinema sozinha. Ninguém me olhou torto nem ficou procurando minha companhia. Nem eu! Me senti tão confortável que até assustei! Tirei as sandálias, coloquei os pés na poltrona, exatamente como faço em casa. Deselegante? Não. Aconchegante. E aconchego era tudo o que eu precisava hoje.


Foi interessante vivenciar o que venho tentado me convencer nos últimos tempos: eu posso ser minha própria fonte de aconchego e carinho.


E para fechar com chave de ouro minha tarde *eu mereço*, passei na livraria e comprei 4 livros... 1 técnico (Estratégias cognitivo-comportamentais de intervenções em situações de crise) e outros 3 da coleção Terapia, que eu simplesmente amo! Vim no ônibus lendo o Terapia da Aceitação. Tenho certeza que a autora o escreveu pensando em mim. O livro apresenta uma série de afirmações, uma em cada página. A primeira é esta:


"Aceitar não significa sucumbir ou desistir. Aceitar significa oferecer tudo - suas esperanças, suas tristezas, suas preocupações - a Deus."


Eu precisava ler isso hoje...

13 fevereiro 2007

Alheia?



Há dias venho ensaiando um novo post, pois faz tempo que não dou sinal de vida neste blog... E pensando agora, chego à conclusão que não tenho postado por dois motivos, que na verdade formam um só: não tenho tido tempo pra pensar na minha vida; tenho pensado (e vivido) a vida dos outros.

Vivi fofoqueira agora??? Nada disso... Vivi psicóloga em tempo quase integral. Graças ao bom Papai do Céu meu consultório vai bem, obrigada, meu trabalho na clínica está ótimo, está tudo correndo (e como corre) bem. Então acontece que minha vida pessoal está meio suspensa...

Suspensa temporariamente, claro. Enquanto não posso estar ao lado do homem que eu amo vou vivendo pelo meu trabalho, isso me preenche também.

Além disso, vejo esta fase da minha vida como uma fase de plantio, uma fase totalmente nova, de começo de um novo ciclo. E uma fase de espera, de paciência.

Aliás, não sei se já coloquei isso aqui, mas 2007 será um ano de muita paciência para mim. Será não, já está sendo. Afinal, estamos na metade de fevereiro, já. Alguém já se deu conta de quão rápido está passando o tempo? Acho ótima essa minha sensação de tempus fugit. Ela me mostra que estou vivendo, que estou ocupada, fazendo alguma coisa, e não me torturando com minha ansiedade. Ansiedade é viver olhando pra frente, e sofrendo com o que vê - ou não vê. Não quero ficar olhando pra frente. Não muito pra frente. Quero olhar agora, para meus próximos passos, para o que está ao meu alcance. O depois eu vejo outra hora...

06 janeiro 2007

Escolhas



A vida é cheia de escolhas. Umas fáceis, outras nem tanto...
Minha maneira de lidar com as situações de escolha foi mudando ao longo da vida. Amadurecer é bom. Passei de um extremo - escolhia sempre a alternativa socialmente mais aceitável, num autocontrole (ou heteronomia) irritante - para outro, a impulsividade, dando voz aos meus desejos imediatos, ao que parecia ser o melhor naquele momento. Aprendi com cada fase, cada tipo de escolha. Sei que cada uma delas foi necessária e determinante para que eu me tornasse quem sou hoje.
Hoje percebo que minhas escolhas são pautadas por outros aspectos: não mais o desejo do outro, nem só o meu desejo. Percebo que ao tomar uma decisão é importante levar em consideração o que sinto em relação a cada alternativa, as possibilidades de ganhos e de perdas seguindo-se cada uma, e não só a quantidade de ganhos, mas a qualidade deles.
Esta semana tomei uma decisão muito importante, que pode significar muita coisa na minha vida. Decidi pelo autocontrole, pela espera, pela paciência, pela persistência, pelo sacrifício em prol de ganhos a longo prazo. E decidi por mim, não por outros. Esse é um avanço na minha história. Posso dizer que cresci mais alguns centímetros.
Como em toda decisão, espero que minha escolha tenha sido a mais acertada. E não quero ficar pensando *e se tivesse pegado o outro caminho?*. Quero olhar pra frente, e dar um passo de cada vez.


Feliz 2007...