30 dezembro 2007

A minha vez




Esperar é estranho. Para uma pessoa como eu, que gosta de ter controle sobre as situações, não ter controle nenhum é quase uma violência. Aguardar a minha vez, resignada com o que foi determinado por outros, é realmente muito difícil.

Muitas pessoas dizem que eu transmito paz e calma. Meus maxilares sabem o quanto sou calma! Afinal, no descontrole, a única coisa que consigo conter são eles.

Meu coração dispara, minha respiração fica difícil (minhas narinas parecem estar tampadas), minha barriga dói, sinto-me tremendo por dentro. Já não fico ruborizada mais, e isso é uma vitória!

Repito um mantra: "Deus sabe o que faz". Ou "tudo posso Naquele que me fortalece". Minha religiosidade fica aflorada quando estou ansiosa. É uma maneira de garantir que o controle está nas mãos "de quem" sabe o que é melhor pra mim.

Funciona...

Imagem: http://www.sxc.hu/

24 dezembro 2007

Natal



Embora nem sempre isso fique claro, o Natal é a data comemorativa do nascimento de Jesus Cristo. Ainda que Jesus Cristo não tenha nascido de fato em um 25 de dezembro, tampouco há 2007 anos (ou 2008?), a data é válida pelo que simboliza.

Para mim, Jesus Cristo é amor e paz.
É compaixão aos que sofrem.
É perdão aos que erram.
É simplicidade.
É persistência.
É aceitação do que é diferente.
É a garantia de que algo de bom está guardado.

Por tudo isso, o que desejo neste Natal é Jesus Cristo a todos, com tudo o que Ele representa.
Boas festas!

15 dezembro 2007

Frase do dia



"Não há como fechar grandes acordos ou estabelecer bons relacionamentos sem aceitar uma dose de risco. Talvez você já tenha feito tal descoberta, mas ainda não acredita no que seus sentidos lhe dizem".

Sair da fila!

07 dezembro 2007

A Mangueira



Desde sempre a Mangueira estava ali. Sim, sempre, se eu considerar sempre uma época que começa antes de mim (mesmo que seja somente alguns anos antes de mim). Desde o meu sempre a Mangueira estava ali. Era mais magrinha antes. Os anos se passaram e sua circunferência foi aumentando (qualquer semelhança com a raça humana não deve ser mera coincidência!). E foi aumentando também sua altura, a amplitude de seus galhos, o poder refrescante de suas folhas e o sabor de suas frutas.

Nunca comi uma manga igual às que a Mangueira nos dava. Comia lá de cima, do alto de seus galhos, tirando a casca com os dentes mesmo, num retorno a uma época em que tudo era mais simples e inocente. Eu também era! Quando nosso quarto ficou pronto pedi que minha cama ficasse perto da janela, assim poderia comer manga direto do quarto nas tardes de castigo (eram raras, mas ocorriam)!

Subia na mangueira com a agilidade de um felino, mas ao tentar descer, chorava como a Nina, morta de medo de não conseguir sair ilesa de toda aquela altura. Mas sempre saí, a despeito de alguns arranhõezinhos...

Depois parei de subir na Mangueira. Já estava grandinha. Ela passou a funcionar como protetora - do calor, da luz, dos olhares indiscretos. Atraía alguns presentes de vez em quando: picapaus, o Tanuco (um tucano que vinha comer suas mangas), lindos passarinhos, rolinhas, morcegos. Ela estava sempre ali. Já não exigia a presença das crianças em seus galhos - ela sabia que já não havia mais crianças naquela casa, afinal se passaram quase trinta anos desde que a família veio morar em seu terreno. A Mangueira só pedia agora que apreciássemos seus frutos, sua sombra. Então se esmerava a cada primavera com frutas sempre numerosas e saborosas. O desejo da família de fazer um novo quintal foi sendo adiado ano após ano.

Mas neste ano os desejos se concretizaram. A Mangueira deu adeus ontem. Certamente chorou. Deve ter sentido dor, tristeza, sensação de dever cumprido. Criou uma família!

Me senti estranha ontem. Cheguei em casa e vi só os pedaços da Mangueira espalhados pelo quintal em obras. Meu quarto desnudo, desprotegido. Mangas pelo chão, as gatas miando, estranhando o ambiente, chorando pela Mangueira na qual passavam grande parte de seus dias. É uma nova configuração, um novo momento.

Sentirei sua falta, Mangueira. Todos nós! Obrigada por tudo...

02 dezembro 2007

Inseridas fora do lugar




Outro dia me deparei com uma imagem curiosa: uma parreira em plena rua Vanderlei, no bairro de Perdizes, São Paulo.

No charmoso bairro da maior cidade da América Latina, bravas uvas - verdes, novas, lindas - sobreviviam tal como se estivessem num parreiral em Toscana. Próximas ao ponto de táxi, observavam serenas a agitação de paulistanos e forasteiros num sábado que deveria ser tranqüilo.

Certamente se assustaram com o clique da pretensa câmera e com o sorriso de quem encontrou um tesouro, um elemento bucólico na cidade-formigueiro.

Belas uvas! Que lhes seja dada a oportunidade de amadurecer antes de serem exterminadas pelas frenéticas formigas cortadeiras!