24 dezembro 2008

Votos



Que nesta data haja o nascimento do amor, do perdão, da compreensão, da empatia, das relações igualitárias...

Que a saúde, a paz e a alegria estejam sempre presentes...

Que no próximo ano as ações de cada um produzam um mundo melhor para todos!


Imagem deste site

22 dezembro 2008

A very distant dreamer



Distant dreamer


Although you
Think I cope
My head is filled
With hope
Of some place
Other than here

Although you
Think I smile
Inside all the while
I'm wondering
About my destiny

I'm thinking about
All the things
I'd like to do
In my life

I'm a dreamer
A distant dreamer
Dreaming for hope
From today

Even when you
See me frown
My heart
Won't let me down
Because I know
There's better things
To come (Woah, yeah)

And when life
Gets tough
I feel I've had enough
I hold on to
A distant star
Uma das músicas de Duffy, minha febre!

14 dezembro 2008

Mestra




Na última sexta-feira vivi algo inédito (pra mim) e bem interessante. Foi a colação de grau dos alunos do curso de psicologia das FIP-MOC. Não cheguei a dar aulas pra essa turma, mas muitos deles foram meus estagiários na clínica-escola. Alguns são bastante especiais.

Na colação de grau os professores usaram beca, inclusive eu.

Foi interessante me perceber naquele momento como uma mestra, como alguém que estava ali para legitimar o processo de formação daqueles alunos, hoje colegas.

E então me remeto ao discurso de uma das colegas, que foi paraninfa da turma. Ela pontuava a questão dos rituais como pontos importantes da vida do sujeito, como marcos das transições de uma etapa para a outra. Posso dizer que essa colação foi também um ritual na minha vida, em que me estabeleço como professora, não mais como aluna.

Aiai... e quem falou que a gente deixa de descobrir coisas (e se descobrir) depois que cresce?

09 dezembro 2008

Opa!



Sem tempo! Final de semestre tem dessas coisas...
Espero poder vir aqui no fim de semana e postar algo bacana!
Não desapareçam! Eu vou tentar não desaparecer por detrás das provas e relatórios!!!

Ah! Alguém já encontrou as férias por aí? Elas estão fugindo de mim...

29 novembro 2008

Ctrl X + Ctrl V


"Tia Vivi, vamos brincar de fazer colagem?"
A proposta de Clara era acompanhar sua mãe na produção de um mural que contivesse imagens de desejos, para que seus acontecimentos fossem atraídos para sua vida. Oh, oh: lei da atração...
Sou cética demais para acreditar que eventos não físicos possam alterar eventos físicos. Só desejar (e/ou visualizar desejos) não faz com que eles se tornem realidade!!! Experimente somente contemplar desejos, sem agir para sua concretização! Me diga se algo acontece. Aposto que não...
Minha irmã já sabe minha opinião sobre leis da atração, segredos e etc. Por isso mesmo achei melhor não falar nada, assim não cortava o barato dela e não impedia as outras funções que uma atividade como essa pode ter.
Clara, obviamente, não entendia exatamente a função daquela atividade: o divertido era selecionar figuras e colar no papel kraft!
Resolvi entrar na brincadeira e selecionar não desejos, mas frases e palavras que se configuram questões atuais na minha vida, como uma gostosa atividade de reflexão: o que é importante para mim hoje?
Foi interessante lembrar que na minha adolescência eu fazia muitas colagens, além dos inesquecíveis diários. Auto-terapia numa época em que eu não sabia sobre a existência de psicoterapia e nem que ela poderia me ajudar tanto. Naquele tempo elaborei muitas questões, refleti sobre diversos aspectos da minha relação com o mundo, com as outras pessoas, comigo mesma...
Interessante também perceber, por meio das colagens de ontem, meu amadurecimento e a manutenção de algumas questões.

20 novembro 2008

Outras veredas


Muitas leituras essa semana. Literatura técnica, muitos trabalhos de alunos (e estão muito bons!!!), um pouquinho de filosofia - tema para outro post.
Um dos aspectos enriquecedores do trabalho numa instituição de ensino é o contato com pessoas que pensam diferente da gente. E a beleza reside nas semelhanças que podem ser identificadas a partir daí.
Por conta do projeto multidisciplinar, que acontece todos os semestres do primeiro ao sétimo períodos do curso em que leciono, preciso ler coisas que não lia há muito tempo e que possivelmente não leria se não houvesse essa condição.
Tem sido muito bom. Estou descobrindo que com o tempo estou ficando mais aberta a outras idéias, a compreender as outras abordagens, sem aquele furor acusatório típico de acadêmicos apaixonados pela abordagem que escolheram. (Essa minha postura não é à toa: venho de uma instituição onde os iguais se degladiam... imaginem como são as relações entre os diferentes!)
Minha prática tem melhorado, meus horizontes têm se expandido. E isso não implica deixar a minha abordagem nem discordar de suas explicações; apenas estou somando!
Encontrei essa citação outro dia, que mexeu comigo e na qual ainda estou pensando, sem ter nada muito concreto ou sistematizado a ponto de comentar:

"As necessidades fundamentais ao desenvolvimento do homem no sentido de alcançar a plenitude da condição humana são: o pensar, o agir, o imaginar e o amar". (Heller, em Sawaia, 1995, p.162)*

Quem diria que um dia eu iria me permitir pensar a partir de uma idéia da psicologia social? É por isso que eu acredito na mudança!

*Sawaia, B. B. (1995). Dimensão ético-afetiva do adoecer da classe trabalhadora. Em: S. T. M. Lane & B. B. Sawaia (orgs.) Novas veredas da psicologia social. São Paulo: Brasiliense/EDUC. pp 157-168.
Imagem: Deste blog

12 novembro 2008

Skinner Box



Longo período de privações diversas
Fracos e raros estímulos discriminativos
Pré-aversivos aqui e ali
Conseqüência muito atrasada
Valor reforçador ora máximo, ora mínimo
Emite respostas outras, quase adjuntivas
Quase, porque produtoras de reforçadores
Sair da caixa?
Abandonar o esquema?
E se a privação for maior?
E se for mais reforçador?
Mais respostas, maior custo
E o cronômetro rodando...

04 novembro 2008

Quente



A borracha, utilizada para apagar registros a lápis, derrete com o calor que faz na cidade-sertão.
A mulher imagina que seu cérebro esteja derretendo também.
E se pergunta sobre o que acontecerão com seus registros, aqueles feitos não a lápis, mas a suor, a lágrimas, a sorrisos, a taquicardias, a suspiros.
Bebe um chá gelado para refrescar e volta a seus escritos e desescritos.
Melhor não pensar em nada agora.
Vívian Marchezini Cunha - 04/11/2008

28 outubro 2008

Mais sobre o vazio



Pensando sobre o tal vazio cíclico contra o qual já devo ter estratégias...

Talvez esse vazio volte nos momentos em que percebo mais claramente que não estou vivendo a vida que gostaria, uma vida até possível, mas cuja ocorrência não depende exclusivamente de mim. Embora seja geralmente rotulada como calma e paciente, me percebo cada vez mais impaciente com situações que me dizem respeito, mas sobre as quais não tenho controle.

Neste momento minha vida afetiva está um caos. Logo ela, que eu considerava tão tranqüila até 15 dias atrás. De fato, nada mudou. Simbolicamente, muita coisa está diferente. Está ainda mais claro que meu desejo não é solitário. Estou ainda mais nas mãos do outro.

Odeio me sentir dependente assim. Vivo dizendo que a felicidade é não depender de ninguém, mas não consigo (não agora) não esperar que o outro se decida e venha me fazer feliz. Não consigo (não agora) ser feliz sem ele. Não consigo não temer que ele leia essas palavras e fuja com medo da responsabilidade - não é tarefa fácil ser responsável pela felicidade de alguém.

E então cada pequena dependência minha (ou dos outros para comigo) acaba me irritando: não poder escolher a hora de malhar porque minha mãe já estabeleceu planos para minha estada em casa, ter que dar satisfação sobre o que fui fazer na rua quando na verdade eu nem queria ver a cara de ninguém, ter que aturar desaforo e burrice dos outros, ter que aturar a cara de "você não me ama mais" se me recuso a fazer alguma coisa, ter que ir, ter que voltar...

Talvez eu esteja querendo viver sob o princípio do prazer e esteja recusando o corte, o "nome do pai"... Talvez eu esteja insensível aos reforçadores presentes e demasiado sensível às privações que vigoram em minha vida há tempos... Talvez seja serotonina faltando. Ou então uma bela palmada, como diriam as avós de antigamente. TPM não é, ou serei uma aberração da natureza. Talvez seja, de fato, a falta do outro: solidão cansa.

Mas, como um bebê chorão, não me canso de esgüelar: eu quero minha serenidade de volta!!! No mínimo...

26 outubro 2008

Again



E não é que o vazio voltou?

Droga...

Imagem: Flickr (vale conferir o poema que acompanha a imagem!)

21 outubro 2008

Reflexões à beira da lagoa



Era domingo. Não fazia sol, uma vez que as nuvens finalmente venceram a batalha naquela primavera estranhamente (extremamente) quente. O vento era fresco, mas não frio. Um dia perfeito para alguém que tem o corpo coberto de pelos e uma generosa camada lipídica sob a pele e que portanto sofria com o calor.

A Capivara morava num parque dentro da cidade. Era um parque especial, pois não havia grades lá. Só o que o separava do restante da cidade era a pequena faixa da lagoa, facilmente transponível para indivíduos que vivem originalmente em ambientes alagados.

Mesmo sabendo da possibilidade de sair do parque, essa não era uma atividade freqüente da Capivara. Gostava de sua comunidade, bastante populosa para um parque na cidade. Gostava das pessoas que passavam por lá, sempre respeitadoras. Achava até divertido ser fotografada por elas.

No entanto desde que seus filhotes nasceram a vida da Capivara tornou-se obrigatoriamente rotineira. Mamíferos têm essa desvantagem: a mãe precisa estar sempre por perto, a fim de garantir a sobrevivência dos filhotes. Sair ainda era possível, mas incrivelmente difícil. As conversas entre as outras capivaras giravam exclusivamente em torno do tema maternidade. A capivara macho já não era mais o mesmo da época da conquista. A Capivara sentia-se imobilizada, reduzida a um único papel: o de mãe.

Para a Capivara era complicado admitir isso. Era sua primeira ninhada, sentia que havia engravidado no momento certo: sentia-se madura, pronta para ter filhos. Sua ninhada havia sido comemorada entre as outras capivaras da comunidade, que não se cansavam de repetir que a Capivara havia nascido para ser mãe. Tudo conspirava para a felicidade, mas a Capivara não conseguia sentir-se completa com seus filhotes.

Ao mesmo tempo, de cada vez que imaginava o desmame dos filhotes e a possibilidade de viverem suas próprias vidas (muito antes do que estão acostumados os humanos), a Capivara arrepiava-se completamente e sentia-se ainda mais vazia.

Não sabia como resolver o conflito. Passara dias e dias pensando, enquanto observava seus filhotes brincarem na grama sob o sol quente.

Não chegou a conclusão nenhuma. Mas naquele domingo nublado e fresco pegou seus filhotes e atravessou a faixa da lagoa. Não comunicou a ninguém onde iria. Caminhou pela margem, cuidando para que os filhotes não caissem nos trechos mais poluídos da lagoa mal tratada pelos humanos. Andou, sem rumo. Chegou até um ponto em que era possível ver grande parte da lagoa, inclusive o parque.

A Capivara ficou ali, sentada às margens da lagoa, com os filhotes protegidos sob a sombra formada por seu corpo. Pessoas passavam, algumas paravam, mas a Capivara estava imóvel. Naquelas horas - sim, a Capivara passou horas fora do parque com os filhotes - após tantos pensamentos, tantas comparações felizes e infelizes, ficou muito claro para a Capivara que aquela era sua vida. E que se não houvesse escolha quanto ao tipo de vida que poderia ter, a escolha quanto a sofrer ou desfrutar das peculiaridades de sua vida era bem palpável.

Ao entardecer a Capivara voltou com os filhotes para o parque.

Segunda-feira seria um novo dia.

Vívian Marchezini Cunha - outubro de 2008
Imagem: retirada deste blog

13 outubro 2008

Para além de



Acredito que todas as nossas experiências nos transformam. Algumas transformações são mais marcantes que outras, mas de fato cada evento nos torna uma outra pessoa, diferente daquela que estava ali agora há pouco.

Penso também que quando experienciamos as práticas de uma outra cultura os eventos parecem mais fortes, por diferentes, produzindo mudanças mais facilmente identificáveis até depois de muito tempo...

Já faz mais de dois anos que voltei de Belém do Pará, e ainda hoje me pego comparando situações de lá e de cá (Minas), a Vivi que foi e a que está aqui hoje. Talvez isso ainda fique no meu repertório por bastante tempo!

Dentre as muitas coisas que me marcaram em minha vivência paraense, a experiência da fé e da religiosidade é uma que hoje me chama atenção. Ontem foi comemorado o Círio, chamado Natal dos paraenses.

O Círio é uma grande homenagem do povo paraense à Nossa Senhora de Nazaré, momento de fazer pedidos e agradecimentos. Antes de morar em Belém, via o Círio pela tv e ficava me perguntando como tantas pessoas se submetem ao calor e à multidão por conta de uma imagem. Achava mesmo absurdo e me perguntava se seria realmente necessário aquilo tudo, já que, para mim, Deus está dentro de cada um e portanto uma oração solitária, em silêncio, bastaria para que o pedido ou agradecimento pessoal fosse atendido.

Só passei a ter noção do que aquelas pessoas sentem caminhando por horas sob o sol escaldante de Belém em meio à multidão quando estive lá, fazendo parte da multidão. Fui de curiosa, para ver a imagem passar (era a procissão que acontece na noite anterior ao Círio, a Trasladação). Naquela época (2003, acho) eu estava sofrendo muito com o processo da minha dissertação. Precisava de alento, força, coragem, ação.

Quando a imagem passou por mim senti uma energia que nunca havia sentido antes. Meu corpo se arrepiou completamente e eu simplesmente comecei a chorar.

Não consigo explicar o que houve. Talvez aquela imagem simbolizasse exatamente o que eu precisava naquele momento. Talvez ela simbolizasse minha mãe, que não estava lá comigo e de quem eu sentia tanta falta. O colo, a força, a determinação, a aceitação das condições impostas, a busca por condições de menor sofrimento, o sacrifício por um bem maior.

Venho de uma família que sempre respeitou Maria, e por algum tempo a figura de Maria me era mais familiar e próxima que a de Jesus mesmo. Estar ali, naquele momento, diante de Maria (de seu símbolo), me trouxe de volta à minha família, de volta a mim mesma.

Penso que religiosidade é transcendência. A experiência religiosa vai além da compreensão racional e nos traz (ou deveria trazer) para perto do que é melhor, mais puro, maior.

A paz que venho sentindo nos últimos tempos está ligada à minha busca pela religiosidade, pela religação com o amor maior. Graças a Deus.

Ainda tenho tanto a conseguir! Tanto caminho a trilhar! Horas e horas sob o sol forte da vida, buscando compreender melhor aos outros e a mim mesma. Me transformando. E, semelhante à Carmen, esse é um caminho que é meu. Não deixo ninguém seguir por mim.

Imagem: Retirada deste site.

08 outubro 2008

Nova "crise"




Mais uma vez seduzida pelas endorfinas... Vamos ver quanto tempo essa "crise" vai durar! (Tá passando da hora de cronificar isso aí... antes que outras coisas - bem piores - se cronifiquem!)

27 setembro 2008

Sedução literária




Em minha fantasia os livros criam diversas situações para serem lidos. Colocam-se mais à frente nas estantes, empurram os adversários, jogam-se (quem sabe assim, no chão, conseguem ser tocados por seus leitores em potencial). Penso que alguns até falam... quantas vezes tive a estranha sensação de ter ouvido meu nome, bem baixinho, sussurado ao pé do ouvido ao passar por determinada estante na livraria!

Conseguem ser lidas aquelas obras que dão conta de identificar e se adequar às necessidades do possível leitor naquele momento, como fazem místicos charlatães que identificam sinais e dizem exatamente o que a pessoa - vulnerável - quer ouvir: humor, romance, tragédia, lirismo, longas descrições, falas curtas e diretas, explicações técnicas.

Sou particularmente sensível aos argumentos iniciais dos livros nas estantes - tanto as de minha casa, como as das diversas livrarias que insisto freqüentar. Volúvel, me rendo à sedução de vários livros, sustentando por muitas vezes relações múltiplas, por outras vezes trocando de livro antes mesmo de terminar a história com a qual me envolvera mais recentemente.

Confesso aqui que aconteceu de novo. Vinha tentando ler As Ondas, de Virgínia Woolf há uns dois meses, desde que terminei As intermitências da morte, de José Saramago. Mesmo tendo cedido às investidas de Woolf, não dei conta de manter a relação. Não é de suas palavras que preciso agora. Meu tempo não é de melancolia.

Exatamente por isso minha mais nova paixão (reincidente, notem) é Saramago, dessa vez com O Homem Duplicado. Ele me prometeu humor fino e reflexão. Vamos ver o que consegue me proporcionar de fato.

Enquanto isso, vou seguindo também com Can you keep a secret, Álvaro de Campos, Carpinejar, Rubem Alves... relacionamentos esporádicos, intensos, mas não necessariamente duradouros! E está ótimo assim!


PS: Pesquisando durante a redação do post encontrei esta coluna bem interessante sobre o estilo de Saramago. Confiram!

Imagem: Flickr

24 setembro 2008

Pieces of happiness



Escrevi isso em outro lugar, como votos de aniversário. Mas achei que ficou tão legal e expressa tão bem o que faz feliz esse tal aniversariante que decidi colocar aqui também. Espero que ele tenha gostado também! Segue lá...


Desejo a você
Cafunés inesquecíveis
Latidos carinhosos
Farinha láctea
Feijão novinho
Café com leite e pão com manteiga
Algumas notas maccartianas
Outras tantas palavras "lennianas"
Sabedorias de pai
Carinho de mãe
Fórmula 1 fraterna
Ar condicionado
"Meninas" felizes e lindas
Aquele 68
Batidas perfeitas
Queijo branco com açaí
A paz da realização pessoal

Vívian Marchezini Cunha - 24 de setembro de 2008 - Montes Claros
Imagem: By Me! Arquivo pessoal

23 setembro 2008

Livro velho

To the one I (still, or forever will?) love.
O amor não termina - esquece de começar. Não explicar é decorar. O amor que não esqueço é justamente o que não sei os motivos do seu fim. O amor que permanece é aquele que não sei como começou.
Procuro o que não tem lugar.
Trecho de Chaleira do Mar. Em Carpinejar (2006), O amor esquece de começar: Crônicas.

16 setembro 2008

Saber onde

Para a amiga Fla
Ah, não estar parado nem a andar,
Não estar deitado nem de pé,
Nem acordado nem a dormir,
Nem aqui nem noutro ponto qualquer,
Resolver a equação desta inquietação prolixa,
Saber onde estar para poder estar em toda parte,
Saber onde deitar-me para estar passeando por todas as
ruas,
Saber onde

Trecho de Passagem das Horas, 1929. Fernando Pessoa, em Poemas de Álvaro de Campos, Obras poéticas IV.

12 setembro 2008

Better

O velho remédio funcionou.
Me vesti de atleta e fui dar uma voltinha na Lagoa da Pampulha.
Quarenta e cinco minutos de um trotezinho revigorante.
Viva o repertório ampliado!

Dia estranho



Menos atividades que o comum, menos energia que o habitual.

Vou dar um jeito nisso agora mesmo.

Até logo!
Imagem: Lazy Ninica, Deoris Sartrkin (2008)

06 setembro 2008

Mais próxima do centro



Tenho andado sem assunto para o blog. Pensando muito na minha vida, no aspecto profissional principalmente, fazendo planos e buscando mudar alguns comportamentos que podem me atrapalhar a realizar tais planos.


Há uma semana cheguei do congresso de Análise do Comportamento, em Campinas. Voltei cheia de idéias, de planos, de vontade de me dedicar ao meu aprimoramento. Esses congressos sempre geram esse efeito em mim. Costumo ir exatamente por conta dele!


Por outro lado - mas não oposto - voltei feliz também por ter reencontrado amigos, conhecido pessoas que sempre quis conhecer, por ter revisto meu orientador (senti um medo danado!), por me sentir parte de um grupo.


É bom perceber que estou amadurecendo profissionalmente, que meu artigo não é mais tão aversivo pra mim e que finalmente vou conseguir terminá-lo, que novos trabalhos estão sendo bem recebidos pela comunidade.


Já não sou aquela menina deslumbrada do primeiro congresso, nem a sonhadora do segundo, tampouco a desesperançada do terceiro. Me sinto mais séria, mais serena, bem menos ansiosa. Que bom!


Imagem: Flickr

25 agosto 2008

Univers(al)idade?



Mais uma vez com raiva, mas desta vez resolvi protestar um pouco mais adiante, além das paredes da minha casa!

Fui à UFMG hoje, universidade da qual sou ex-aluna, consultar umas obras na biblioteca. Qual não foi minha surpresa quando os funcionários se negaram a me emprestar a dissertação (que tinha o que eu precisava para o exercício da profissão para a qual me preparei - lá) até mesmo na modalidade de empréstimo rápido - por algumas horas.

Isso me revolta! Quando questionei com a bibliotecária a função de disseminação de conhecimento (que eu julgava ser própria da universidade e, mais ainda, da biblioteca), ela me responde com a cara mais lavada: "o conhecimento é disseminado, mas entre o nosso público".

Então meus pais passam a vida pagando impostos, eu pago impostos, eu estudei na universidade e agora simplesmente não sou mais "o público" da universidade! Não tenho acesso ao conhecimento que eles guardam lá.

É o conhecimento privatizado, não tornado público, como deveria ser.

Daí eu pergunto: isso não é absolutamente contrário e impeditivo à prática do estudo constante, do aprimoramento do profissional, de tudo aquilo que a universidade deveria prezar e propiciar???

E aí, o profissional deve emburrecer só porque saiu da universidade? Devemos estar constantemente vinculados a uma universidade para ter acesso ao conhecimento que ela produz? E como? Tem vaga pra todo mundo na universidade? Eu vou ter que fazer um doutorado ou um outro curso superior - e custar mais aos cofres públicos - para ter acesso às obras que a universidade "guarda" tão bem?

O que há de universal aí? De agregador das diversidades?

Não consigo classificar essa política. Segregadora, elitista, emburrecedora, mantenedora de uma ordem social perversa.

Imagem: Flickr

19 agosto 2008

Miss Imperfeita ou Do tempo que não volta



Desde ontem venho pensando insistentemente no meu tempo. No que tenho agora e no que passou - e não volta.

Minha insatisfação com o tempo - a falta dele, o desperdício dele - está intimamente ligada à minha necessidade de perceber-me perfeita. Isso não é novidade.

Sei que para chegar minimamente perto do que eu gostaria de ser, eu precisaria usar meu tempo de maneira muito mais inteligente, muito melhor. Estudaria muito mais, por exemplo. Me dedicaria muito mais ao preparo do meu trabalho. Resolveria pendências que me acompanham há bastante tempo.
Mas teria também que reservar um tempo para ler o-que-não-é-técnico-mas-me-acrescenta, para ver um filme bacana, para prestar atenção na letra da música nova do Coldplay, ou naquela antiga do Paul, para observar as pessoas, para cultivar as relações, para fazer novas.

Teria que ter um tempo para minha atividade física - é ótimo pra alma e atua contra a lei da gravidade.

Teria que ter um tempo para saborear os alimentos, e comer aqueles que prestam, não aqueles que ficam prontos em três minutos mas tiram um ano de sua vida a cada porção.

Por outro lado, para conseguir fazer tudo isso teria que ler menos blogs. Não entraria mais aqui. Iria para o trabalho sem observar o caminho que estou fazendo e aquela namoradeira nova na janela da vizinha ou as flores amarelas do ipê que fazem da rua um belo tapete.
Entraria menos no orkut, leria menos mensagens encaminhadas (Fw:, En:) cheias de powerpoints - talvez essa parte fosse boa.

De acordo com a lógica, e com meio mundo de colegas terapeutas, melhor seria me contentar com meu lugar de pobre-mortal-imperfeita. Culpa zero, diria o tal texto supostamente escrito por Martha Medeiros. Dos males, o menor.

Confesso que ainda não consigo. Soa arrogante isso...

Quando penso na oportunidade que tive de viver exclusivamente para meu estudo, para conhecer tudo o que preciso e quero conhecer agora, não consigo não me arrepender por ter passado tanto tempo fazendo... nada. Por não ter aprendido tudo que meu mestre poderia ter me ensinado se eu simplesmente tivesse me comportado para isso, dado o primeiro passo. Por me conformar com uma rotina indisciplinada e com reforços parcos somente ao final do intervalo.

Chego a pensar na idéia de fazer de novo. Que bobagem, não será igual. Não apagará o que passou, não reconstruirá o que ficou pendente lá atrás.

Agora.
Agora.
Agora.


Imagem: Pablo Picasso - Woman with a flower, 1932

16 agosto 2008

Clarice




Clarice venceu. Dos nove votos na enquete, cinco foram dela.

Serão para Clarice nossa atenção, olhos e alma nos próximos meses.

"Ler Clarice é viver em permanente estado de paixão." (Teresa Montero)

Já gostei!

14 agosto 2008

Enquanto isso...

Coisa mais linda que encontrei no pé da página da Isadora. Rosa, pelo visto...

Lição de Riobaldo: "O senhor... Mire e veja: o mais importante o bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não são sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro - dá gosto. A força dele, quando quer - moço! - me dá o medo de pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho - assim é o milagre!"

Nada não...



Faltando inspiração... Ou avaliando se a idéia que tive deve ser publicada...
Imagem: Edward Hopper, Automat, 1927

03 agosto 2008

De volta à vida real


Vamos lá!
Vale contar até três, fazer o sinal da cruz e até dar um grito, como quando a gente faz antes de pular na água gelada! No início dói, depois fica gostoso e a gente até chama outras pessoas pra pular também...

"Vem que tá uma delícia!"

Imagem: Flickr

31 julho 2008

Divagações



Com a proposta de curtir meus últimos dias de férias com saúde (foram poucos), corri na locadora e peguei dois filmes: O clube de leitura de Jane Austen e PS: I love you.
Filmes que mexem com Vivi... leves, mas que me fazem pensar, seja no passado, seja no futuro.
Tive a oportunidade de assistir a PS: I love you quando estava no cinema, mas achei melhor não. Não estava muito bem na época. Estava, por assim dizer, de luto. Lisbela como sou, morreria de chorar no cinema e tentaria me jogar no primeiro carro que passasse a 100km/h. Ainda bem que mesmo no fundo do poço mantenho alguma sanidade...
Depois de ver o filme ontem (momento certo, uma vez que já me sinto refeita do luto), fiquei me lembrando de como passei pela situação, ou pelas situações, já que perdi a mesma pessoa várias vezes. Toda a dor, o sentimento de vazio, de que nada mais faz sentido, nada tem graça. Despersonalização. Toda a noção de mim mesma passando necessariamente pelo outro e, naquele momento, sem o outro. Sem ele, sem mim.
Amigos foram fundamentais. Família. Terapeutas. Trabalho.
Sei que pra ele também não foi fácil e que, de certa maneira, ele também tentou me mostrar (como Gerry à Holly) que seria possível viver sem ele, voltando a ser eu mesma.
Estou buscando isso até hoje... mas agora sem dor.

Com O clube de leitura de Jane Austen fiquei louquinha pra montar de um clube de leitura. Já estava com vontade antes, mas tinha uma idéia diferente. Na minha idéia anterior, cada pessoa compraria um livro e depois os livros seriam trocados. Dessa maneira, dez pessoas leriam dez livros gastando apenas o valor de um.
Mas realmente a idéia de reunir pessoas para discutir suas impressões sobre a mesma obra me agrada muitíssimo...
Tenho me sentido cada vez mais atraída pelas artes, pelas letras... onde será que isso vai dar???

Bem, penso que os dois filmes me tocaram em um aspecto que tem permeado minha vida com muita freqüência - a autodescoberta por meio da ajuda dos amigos e das artes. Estou a caminho!

26 julho 2008

Mais Vinicius



Então ontem eu estava no salão de beleza. É um salão diferente, que dispõe livros ao invés de revistas Caras, Contigo e etc. Bons livros! Peguei o Antologia Poética, do Vinicius de Moraes e fui surpreendida por uma das coisas mais bonitas que já li na vida...


Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Rio de Janeiro, 1935

25 julho 2008

Recado



Tô super sumida daqui... Estou de férias, mas sem grandes emoções (meu organismo resolveu sentir tudo agora!) nem inspirações.

Volto logo, tá?

02 julho 2008

Retomando



Seguiu o conselho do colega: quebrar a regra e olhar para si mesma. Não mata.
Avistou o pequeno paraíso e seguiu seu rumo. Desejado rumo!
Costuma ficar assim quando a estrada se aproxima - verde.
Ou branca.
Já havia se presenteado com memórias vitorianas atualizadas em design moderno.
O romantismo a agradara deveras.
A sobriedade como pano de fundo - não saberia viver sem ela.
Agora, nos pés, o belo trabalho daquelas que trabalham cantando, sol a sol, em suas almofadas especiais. Alegria na adversidade.
Nas mãos o aroma do lar, da manhã em família, da casa deliciosamente cheia. Ou dos momentos de descanso. Há tempos não o trazia consigo.
Fez bem.
Os cabelos como a vida deve ser: reta, com estratégicas curvas anti-monotonia.
As luzes sobre os olhos trazendo a atenção para dentro da janela - inclusive a sua própria.
Pequenos detalhes, meticulosamente escolhidos.
Era o pretexto perfeito para a motivação mais simples e bela: sentir-se bem.

28 junho 2008

Simplesmente belo

O seu mais leve olhar
vai me fazer, facilmente,desabrochar
apesar de eu ter me fechado como um punho cerrado,
você me abre sempre pétala por pétala
como a Primavera abre
(tocando de leve, misteriosamente)
sua primeira rosa

e. e. cummings

Buscando por aí palavras belas, que retratassem meu contentamento por estar em casa... Acabei encontrando outras, que expressam o que gostaria de sentir! Algo próximo à paz e à excitação do desabrochar. Além do mais, são belas, simplesmente!

Imagem: Flickr

22 junho 2008

Do avesso, ou sobre o meu vazio




Mais um fim de semana em Montes Claros. O último, eu espero.
Não vou me queixar da cidade, nem das pessoas. Elas são ótimas, e fazem o que podem para que eu não fique só.
Na minha histeria cheguei a dizer a mim mesma que nada estava bom. Mentira - meu lado ponderado argumentou: moro numa casa confortável, não me falta nada, tenho muitos recursos e tudo o que tenho é muito acima do que milhares de brasileiros sonham ter.
Também não se trata de não haver atividade. Ontem fui ao Mercado - interessante - e à noite visitei um casal de amigos. Jogamos buraco, conversamos, comemos andu (muito bom!) e canjica. Além disso, trabalho há aos montes... Trabalhos para corrigir, provas para preparar...

Mas há a falta.

E chego à conclusão que essa falta é da possibilidade de estar com pessoas. Com mais pessoas. De estar com elas por muito tempo, não por uma hora ou duas. De estar com elas e, eventualmente, comigo mesma. E não o contrário.
Saramago me contou histórias para dormir. Acordei com Álvaro de Campos e sua Ode Marítima. Conversei com Rangé, Benvenuti, Kaplan... Já olhei os álbuns de todos os meus amigos no Orkut (e dos desconhecidos também). Até conversei por um tempo com minha mãe pelo telefone. Comi quase todos os pés de moleque que comprei ontem - a balança não vai me perdoar.
Mas ainda me sinto só. E não sei o que fazer. Começo a sentir saudades de quem não deveria, de quem já não sentia mais... sinto um misto de angústia e ansiedade que talvez só passe na manhã da próxima sexta-feira. Sinto-me do avesso.

Não quero mais brincar disso.
Leituras interessantes mais ou menos sobre esse tema: uma edição antiga da Vida Simples e o post mais recente nas Cartas trazidas pelo vento.

17 junho 2008

Lá ou aqui-e-agora




Costumo dizer, desde os tempos da graduação, e agora em sala de aula com meus alunos, que a escolha por uma abordagem da Psicologia - dentre as diversas existentes - passa diretamente pelas questões pessoais do futuro psicólogo. As abordagens, entendo eu, são como óculos que a pessoa vai experimentando. Vejamos o que aconteceu comigo:

Coloquei um par - o da Psicanálise - e olhei em volta. Interessante, mas ainda continuo com minha visão turva, um tanto entortada pelos novos óculos.

Coloquei outro - o da Psicologia Analítica de Jung - olhei de novo. Hum... ainda não.

Mais um - o da Sistêmica. Um pouco mais próximo de uma visão confortável, mas ainda trazendo explicações que não me convenciam muito bem.

Finalmente coloquei o par da Análise do Comportamento. Bingo! Visão perfeita, nítida, cores brilhantes, formas bem delimitadas, campo de visão ampliado. Escolhi meus óculos.

Devo dizer que eles me servem até hoje, continuam explicando minhas inquietações (e trazendo outras, o que me faz viva academicamente). Meus óculos fazem mais brilhantes meus olhos!

No entanto tenho vivenciado situações e interações que me fazem pensar que eu devia ter experimentado os óculos da Fenomenologia, que passaram muito rapidamente por mim, atrapalhados por uma péssima professora (vendedores têm o delicado poder de embelezar ou enfeiar os produtos que apresentam).

A Análise do Comportamento me dá a possibilidade de prever. Não conseguiria viver sem isso. "Sou uma pessoa do futuro", vivo dizendo. A AC me permite viver o futuro agora, mesmo que com alguma margem de erro, própria do determinismo probabilístico. Em muitas situações essa possibilidade me faz muito bem.

No entanto, a vivência do aqui-e-agora fica negligenciada com tamanha preocupação (pré-ocupação). Venho percebendo isso nos últimos anos (três, acho) e bastante claramente agora. Ocupada com o futuro, deixo de contatar as contingências atuais, de me expor aos reforçadores que estão disponíveis agora.

Uma longa história de autocontrole! Geralmente, no meu caso, a vivência de situações que produzem reforçadores imediatos é acompanhada por sentimentos de culpa e vergonha. Daí vivi me esquivando desses sentimentos agindo, na maior parte das vezes, com bastante cautela, analisando cada possibilidade.

Devo dizer aqui, com muito orgulho de mim e da minha mudança, que aos pouquinhos estou conseguindo agir sem pensar muito no que vai ser daqui a cinco minutos, cinco dias ou cinco anos. Agir e sentir, é o que tenho tentado.

É bom!...

09 junho 2008

Quem ama vive a sonhar

Quem ama Vívian a sonhar
Quem? Ama, Vívian, a sonhar!
Quem ama? Vívian a sonhar...
Quem ama Vívian a sonhar?

Quem ama, Vívian, sonha!
Quem ama Vívian sonha?
Quem ama Vívian? Sonha...
Quem ama (Vívian) sonha.

Quem ama vivia a sonhar
Ama
Sonha
Vive
Quem?
Vívian

Vívian Marchezini - 09/06/2008

01 junho 2008

Bolo



Tic -Tac
Tic -Tac
Tic -Tac
Tic -Tac

Quando a sala de espera
É no próprio consultório...

23 maio 2008

15 maio 2008

Novo filme antigo



Estrada
Nova verborragia
Nada de trabalho
Palavras (muitas!)
Doida matemática
Sono? Não, obrigada
Contingências conhecidas
Daí, medo
Prudência e canja de galinha
Nada de flashes por ora
Por ora

Vívian Marchezini – 11/05/2008


13 maio 2008

Naturalismo



Um poema a instigara a conhecer mais sobre aquele amor.
Amor não realizado.
Também pudera: as condições que o propiciaram não poderiam ser chamadas de "puras".
Acompanhara a história, imaginando os detalhes do momento em que finalmente o mocinho e a mocinha se entregariam com todo o coração (e alma, e vida).
No entanto a cena nunca aconteceu. Não daquela maneira que a moça esperava.
E a moça, tão romântica, acostumada a finais felizes após árduas batalhas e obstáculos freqüentes, ficou pensando que não havia justiça naquilo.
Estava convencida de que ao menos na ficção as pessoas haveriam de ser boas, simples, transparentes, felizes. Os amores haveriam de ser verdadeiros e duradouros.
A vida, pensou, já é natural demais...

01 maio 2008

Eterno enquanto dura




Há meses tentando me convencer de que tudo passa. Nunca consegui acreditar plenamente, por pensar exatamente o contrário, que tudo fica em mim, na minha história. Não passa porque está aqui agora, enquanto escrevo esse post, enquanto suspiro, daqui a pouco quando for tomar um copo de água gelada...

E aí vem a Bárbara, num belo texto, e confirma tudo o que eu pensava antes:

O que eu faço com o que não passa???

Imagem: Edward Hopper - Morning sun, 1952

27 abril 2008

Aff!


Linha tênue essa que separa a solidão do bem-estar-só.

Este fim de semana precisei ficar em Montes Claros. Em poucos momentos na vida me senti tão só como nos últimos dois dias. Cansei de ficar em casa e fui caçar coisas pra fazer na rua.

No entanto me senti completamente deslocada numa cidade estranha que não dispõe de recursos para pessoas solitárias passarem bem seu tempo. Ou se dispõe, ainda não descobri. Diferente de São Paulo, Belo Horizonte ou Belém, onde pessoas sozinhas têm acesso a cultura, entretenimento, lazer, Montes Claros não tem nenhuma boa livraria, o shopping é ínfimo (pode-se percorrer toda a sua extensão em meia hora), não há um café num lugar charmoso... Aff!

Fiquei muito decepcionada com a cidade! Morri de saudade da baía do Guajará, da praça do Papa ou da Liberdade, parque do Ibirapuera... da livraria da Visão, do Café com Letras, da Livraria Cultura... Das mil opções de cinema...

Acabei indo ao cinema aqui em Montes Claros na sexta-feira. Duas horas de salvação. Assisti ao Caçador de Pipas. Me senti mais só ainda! Hahahaha! Que saudade das minhas amigas!!!

Não sei se vou conseguiu adotar MOC como minha cidade. Corro o risco de acabar me envolvendo com alguém daqui para amenizar a solidão, e eu não quero mais um relacionamento com essa função.
Estou reclamona, eu sei. As meninas da faculdade foram super gentis em me chamar pra sair ontem à noite. E foi legal! Graças a Deus... Me salvaram da deprê...

21 abril 2008

Sobre a solteirice feminina

Encontrei na revista da Fapesp esse artigo, baseado numa tese de doutorado em sociologia, sobre as características da mulher solteira atual. Interessante...
http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3482&bd=1&pg=1&lg=

20 abril 2008

Questionamentos comuns

Encontrei essa linda letra de Arnaldo Antunes... Quem já não se perguntou tudo isso?


Onde estavas, lugar?
Arnaldo Antunes - 2004

onde estavas, lugar?
em que chão, em que ar?
onde fostes depois de me abandonar?

onde estavas, manhã?
em que céu, em que mar?
onde fostes depois de me apaixonar?

por que veio se foi
para ir, por que foi
que você me deixou tão sozinho?

por que não demorou
mais um um pouco e deixou
que eu achasse de novo o caminho?

não devias partir
como podes partir?
por que não duraste a vida inteira?

se apenas em ti
alegria senti
ao mirar tua luz derradeira

© Rosa Celeste (UMPG Brasil)

19 abril 2008

Errata

Só pra constar: o meu canto não é exatamente meu. É alugado! Ainda não chegou a hora de comprar um cantinho... até porque, cigana como sou, não saberia onde comprar!
Agradeço muito a alegria dos amigos! ;)

15 abril 2008

Meu!



Então eu tenho a minha casa. Minha. Para quem nunca gostou muito de compartilhar os próprios objetos, essa uma grande conquista. Minha casa, minha geladeira, meu microondas, minha cama, meu guarda-roupa, meu banheiro!

Sinto-me bem aqui, tranquila, podendo fazer minhas coisas na minha hora, no meu espaço.

Companhias fazem falta, sim. Ou: companhia faz falta.

Mas por enquanto vou vivenciar minha nova conquista...

30 março 2008

In these days



Estou estranha esses dias. Melancólica, vazia, vontade de fazer nada, um permanente estado de quase-choro sem nenhum motivo aparente.

Talvez seja inferno astral.

Talvez seja o peso da queda da ficha de que estou só, de que tenho optado por estar só mesmo querendo muito estar acompanhada.

Talvez a configuração que minha vida está tomando esteja me mostrando de maneira clara demais que não era muito bem isso que eu queria. Mas mais uma vez a realidade me mostra também que não há o que fazer, a não ser viver a minha vida.

Talvez eu tenha me dado muito tempo este fim de semana para pensar em mim - o trabalho em excesso é uma excelente fuga.

Talvez seja o estranhamento de fazer sozinha coisas que já fiz acompanhada e que foi infinitamente melhor. E não estou falando de sexo.

Talvez até esse mesmo seja um motivo.

Talvez seja saudade.

Talvez eu esteja me questionando se serei eu realmente a melhor companhia para mim mesma, assim como fazem noivos ao questionar o projeto do casamento às vésperas de sua realização. A brincadeira acabou por mexer muito com meus sentimentos.

Espero que seja só o inferno astral.

28 março 2008

Frustração

Acabei de escrever o que poderia ser meu post mais bonito.
Mas num descuido, o apaguei.
Como protesto contra a minha falta de atenção e contra os novos problemas da tecnologia, ficarei em silêncio, aguardando nova inspiração e paciência. :(
Droga!

15 março 2008

Inquietação da semana: qual é o limite entre trabalho e vida pessoal?
Estímulo inquietador: O diabo veste Prada, ao qual finalmente assisti nesta semana...
Estou absolutamente sem tempo!
Desculpem, queridos amigos-leitores! Espero não demorar!

23 fevereiro 2008

Vida nova. De novo!



Ô vida cigana, essa minha!

Quando tudo parece acertado, estável, calmo, algo acontece (ou eu "aconteço" algo) que vira tudo de cabeça pra baixo de novo. 180 graus! Começo a achar que sou mesmo arientina, aquela que não suporta rotinas, que precisa da conquista, do pioneirismo!

Voltei a viver na estrada, a dormir num colchão no chão e a ter malas abertas no quarto, prontas para uma viagem a qualquer momento. Estou morando em Montes Claros. Quer dizer, só uma parte da semana! Nos outros dias volto para BH.

Uma nova cidade, novas pessoas, um novo papel: o de professora num curso de psicologia.

Gosto desse desafio. Melhor: gosto de desafios. Neste, terei que me aprimorar na teoria da Análise do Comportamento e na arte de dar aulas, de instigar a reflexão e promover a construção do conhecimento. É uma enorme responsabilidade participar na formação de novos psicólogos!

Que bom ter passado por tudo o que passei nos últimos anos! Eles me tornaram mais gente, mais profissional, mais Vívian.

E que venham as novas experiências, as novas aprendizagens, os novos apertos, os novos sabores e dissabores que tudo o que é novo proporciona!

06 fevereiro 2008

Humana



Eventualmente falo por aqui sobre uma habilidade necessária ao psicólogo, a empatia. A empatia é, para mim, a habilidade mais humana do psicólogo (ou humanizadora, ou até sobre-humana), pois envolve colocar-se no lugar do outro e aproximar-se do que o outro sente, a fim de compreendê-lo.

No entanto, nos últimos dias me deparei com uma situação diferente e muito incômoda. Estava diante da necessidade de desconsiderar meus próprios sentimentos em dada circunstância, em nome da empatia e do tratamento alheio.

Confesso ter me sentido violentada, ferida, sem vez. Em nome do outro, tive que passar por cima do que sentia e tentar compreender porque ele agia daquela maneira agressiva. Esquecer que aquilo me machucava, e me esforçar para perceber que aqueles comportamentos eram direcionados a mim, mas não tinham a minha pessoa como causa verdadeira.

Fiquei estraçalhada.

Busquei acolhimento e conforto em fonte segura. Psicólogos também precisam ser acolhidos. Parece batido, mas vi que ainda preciso repetir, como um mantra: psicólogo também é gente!

28 janeiro 2008

Verão nublado


Há dias chove quase sem parar.
Chuva fininha, daquelas que não exatamente atrapalham, mas incomodam.
As densas nuvens no céu impedem que o sol de janeiro se exponha glorioso como sempre o faz nesta época do ano.
Ao contrário, só uma parca luz que faz com que o meio-dia pareça seis da manhã.
Em resposta, meu corpo age durante todo o dia como se ainda fosse madrugada.
Preguiça.
Sono.
Vontade de tomar toddy quente e ficar debaixo do edredon.
Sopa de inhame.
Meias de lã.
A bicicleta sente minha falta.
Os tênis também.
Meus joelhos fazem "tec".
Saudade do tempo em que verão significava calor e pancadas de chuva ao final da tarde.

13 janeiro 2008

Catarina

Ontem a Catarina se foi. Catarina era a minha Cocker caramelo, tinha quase 8 anos de idade. Nas contas do dr. Luiz ela tinha aproximadamente 70 anos humanos. Já era idosa, mas ainda jovem para morrer.
Recentemente a Cat recebeu o diagnóstico de leishmaniose. O médico explicou que a eutanásia era o procedimento mais utilizado, mas sugeriu que tentássemos o tratamento. Era caro, mas resolvemos encarar. Cada irmão pagou o quanto podia, compramos remédios, coleira anti-mosquito para evitar o contágio, diariamente a Graziela dava a vitamina que garantiria a saúde da "Amiga".
O curioso é que a leishmaniose reverteu. Cat ficou curada, bem dizer. Mas desenvolveu um problema na coluna, em duas vértebras cervicais, que estavam produzindo muita dor e poderiam, no futuro, trazer prejuízos motores e ainda mais dor. Agora a eutanásia era o melhor procedimento.
E então eu me lembrei do dia em que ganhei a Cat (dia dos namorados), quando olhei bem pra ela e vi que ela tinha cara de Catarina e aqueles olhinhos que pediam amor; lembrei de quando a levei para cortar o rabinho e depois morri de arrependimento, pois ela sentiu muita dor; lembrei de quando voltei a BH de férias e a Cat fez tanta festa pra mim que até fez xixi no chão; lembrei das vezes em que passei por ela, a vi balançando o rabinho e não parei pra fazer um afago...
Sinto um pouco de culpa, porque a Cat era minha, mas desde que fui para Belém não ligava muito pra ela. Não dei o carinho que ela merecia, a atenção que precisava (Cat era super carente), os cuidados aos quais ela se acostumara quando eu ainda era sua mãe.
Então penso, mais uma vez, no quanto precisamos expressar nossos sentimentos, dar carinho enquanto isso é possível. A última vez que estive com a Cat foi um momento de carinho, raro momento.
Alguns podem dizer que ela nem tinha noção do meu carinho ou da falta dele. Mas eu acho que tinha sim...
Adeus, minha filha. Sei que agora você não está sentindo dor, nem frio, nem carência...

08 janeiro 2008

Toma lá, dá cá



A vida (ou Deus, ou as contingências) me prega algumas peças. Tira de mim coisas que eu quero muito, mas me dá logo em seguida uma nova e diferente oportunidade. Agradeço muito por isso, mas confesso que fico sem saber o que fazer!

O interessante é que parece que sou preparada antes para passar por essas situações, por meio de conversas, leituras, anseios...

Só tenho medo de não conseguir discernir o bom do ruim, o que quero do que preciso.

Aff!

01 janeiro 2008

Desejos e desdesejos



Quero em 2008:

compreensão; organização; disciplina; determinação; qualidade de vida; simplicidade; trabalho; clientes; estudo; esporte; alimentação saudável; dinamismo; disposição; alegria; fé; religiosidade; amigos; amor próprio; auto-estima; autoconfiança; segurança; saúde; dinheiro; realização de projetos; início de outros projetos; paciência; meu carro; quarto novo; emoção; viagens; harmonia; novos lugares; dançar; sorrir; brincar; amor; beijo; música; artes plásticas; livros; histórias; filmes; teatro; poesia; palavras; imagens; cores; paz interior; autocontrole; tolerância; leveza; sabores; saberes.

Deixo em 2007:

tristeza; falsas expectativas; desentendimentos; impaciência; ansiedade; desleixo; desânimo; isolamento; preguiça; desorganização; tensão; procrastinação; depressão; rancores; mágoas; egoísmo; sono excessivo; sentimentos velhos; coisas inúteis; dívidas; cigarros eventuais; carne vermelha; refrigerante; intolerância; "não consigo passar por isso"; gula; "não vai dar certo"; ganância.

"No aprimoramento sigo,
do passado sofrido transponho"
- P. G.

Imagem: Moça com livro - Almeida Júnior (sem data)