29 novembro 2008

Ctrl X + Ctrl V


"Tia Vivi, vamos brincar de fazer colagem?"
A proposta de Clara era acompanhar sua mãe na produção de um mural que contivesse imagens de desejos, para que seus acontecimentos fossem atraídos para sua vida. Oh, oh: lei da atração...
Sou cética demais para acreditar que eventos não físicos possam alterar eventos físicos. Só desejar (e/ou visualizar desejos) não faz com que eles se tornem realidade!!! Experimente somente contemplar desejos, sem agir para sua concretização! Me diga se algo acontece. Aposto que não...
Minha irmã já sabe minha opinião sobre leis da atração, segredos e etc. Por isso mesmo achei melhor não falar nada, assim não cortava o barato dela e não impedia as outras funções que uma atividade como essa pode ter.
Clara, obviamente, não entendia exatamente a função daquela atividade: o divertido era selecionar figuras e colar no papel kraft!
Resolvi entrar na brincadeira e selecionar não desejos, mas frases e palavras que se configuram questões atuais na minha vida, como uma gostosa atividade de reflexão: o que é importante para mim hoje?
Foi interessante lembrar que na minha adolescência eu fazia muitas colagens, além dos inesquecíveis diários. Auto-terapia numa época em que eu não sabia sobre a existência de psicoterapia e nem que ela poderia me ajudar tanto. Naquele tempo elaborei muitas questões, refleti sobre diversos aspectos da minha relação com o mundo, com as outras pessoas, comigo mesma...
Interessante também perceber, por meio das colagens de ontem, meu amadurecimento e a manutenção de algumas questões.

20 novembro 2008

Outras veredas


Muitas leituras essa semana. Literatura técnica, muitos trabalhos de alunos (e estão muito bons!!!), um pouquinho de filosofia - tema para outro post.
Um dos aspectos enriquecedores do trabalho numa instituição de ensino é o contato com pessoas que pensam diferente da gente. E a beleza reside nas semelhanças que podem ser identificadas a partir daí.
Por conta do projeto multidisciplinar, que acontece todos os semestres do primeiro ao sétimo períodos do curso em que leciono, preciso ler coisas que não lia há muito tempo e que possivelmente não leria se não houvesse essa condição.
Tem sido muito bom. Estou descobrindo que com o tempo estou ficando mais aberta a outras idéias, a compreender as outras abordagens, sem aquele furor acusatório típico de acadêmicos apaixonados pela abordagem que escolheram. (Essa minha postura não é à toa: venho de uma instituição onde os iguais se degladiam... imaginem como são as relações entre os diferentes!)
Minha prática tem melhorado, meus horizontes têm se expandido. E isso não implica deixar a minha abordagem nem discordar de suas explicações; apenas estou somando!
Encontrei essa citação outro dia, que mexeu comigo e na qual ainda estou pensando, sem ter nada muito concreto ou sistematizado a ponto de comentar:

"As necessidades fundamentais ao desenvolvimento do homem no sentido de alcançar a plenitude da condição humana são: o pensar, o agir, o imaginar e o amar". (Heller, em Sawaia, 1995, p.162)*

Quem diria que um dia eu iria me permitir pensar a partir de uma idéia da psicologia social? É por isso que eu acredito na mudança!

*Sawaia, B. B. (1995). Dimensão ético-afetiva do adoecer da classe trabalhadora. Em: S. T. M. Lane & B. B. Sawaia (orgs.) Novas veredas da psicologia social. São Paulo: Brasiliense/EDUC. pp 157-168.
Imagem: Deste blog

12 novembro 2008

Skinner Box



Longo período de privações diversas
Fracos e raros estímulos discriminativos
Pré-aversivos aqui e ali
Conseqüência muito atrasada
Valor reforçador ora máximo, ora mínimo
Emite respostas outras, quase adjuntivas
Quase, porque produtoras de reforçadores
Sair da caixa?
Abandonar o esquema?
E se a privação for maior?
E se for mais reforçador?
Mais respostas, maior custo
E o cronômetro rodando...

04 novembro 2008

Quente



A borracha, utilizada para apagar registros a lápis, derrete com o calor que faz na cidade-sertão.
A mulher imagina que seu cérebro esteja derretendo também.
E se pergunta sobre o que acontecerão com seus registros, aqueles feitos não a lápis, mas a suor, a lágrimas, a sorrisos, a taquicardias, a suspiros.
Bebe um chá gelado para refrescar e volta a seus escritos e desescritos.
Melhor não pensar em nada agora.
Vívian Marchezini Cunha - 04/11/2008