28 junho 2008

Simplesmente belo

O seu mais leve olhar
vai me fazer, facilmente,desabrochar
apesar de eu ter me fechado como um punho cerrado,
você me abre sempre pétala por pétala
como a Primavera abre
(tocando de leve, misteriosamente)
sua primeira rosa

e. e. cummings

Buscando por aí palavras belas, que retratassem meu contentamento por estar em casa... Acabei encontrando outras, que expressam o que gostaria de sentir! Algo próximo à paz e à excitação do desabrochar. Além do mais, são belas, simplesmente!

Imagem: Flickr

22 junho 2008

Do avesso, ou sobre o meu vazio




Mais um fim de semana em Montes Claros. O último, eu espero.
Não vou me queixar da cidade, nem das pessoas. Elas são ótimas, e fazem o que podem para que eu não fique só.
Na minha histeria cheguei a dizer a mim mesma que nada estava bom. Mentira - meu lado ponderado argumentou: moro numa casa confortável, não me falta nada, tenho muitos recursos e tudo o que tenho é muito acima do que milhares de brasileiros sonham ter.
Também não se trata de não haver atividade. Ontem fui ao Mercado - interessante - e à noite visitei um casal de amigos. Jogamos buraco, conversamos, comemos andu (muito bom!) e canjica. Além disso, trabalho há aos montes... Trabalhos para corrigir, provas para preparar...

Mas há a falta.

E chego à conclusão que essa falta é da possibilidade de estar com pessoas. Com mais pessoas. De estar com elas por muito tempo, não por uma hora ou duas. De estar com elas e, eventualmente, comigo mesma. E não o contrário.
Saramago me contou histórias para dormir. Acordei com Álvaro de Campos e sua Ode Marítima. Conversei com Rangé, Benvenuti, Kaplan... Já olhei os álbuns de todos os meus amigos no Orkut (e dos desconhecidos também). Até conversei por um tempo com minha mãe pelo telefone. Comi quase todos os pés de moleque que comprei ontem - a balança não vai me perdoar.
Mas ainda me sinto só. E não sei o que fazer. Começo a sentir saudades de quem não deveria, de quem já não sentia mais... sinto um misto de angústia e ansiedade que talvez só passe na manhã da próxima sexta-feira. Sinto-me do avesso.

Não quero mais brincar disso.
Leituras interessantes mais ou menos sobre esse tema: uma edição antiga da Vida Simples e o post mais recente nas Cartas trazidas pelo vento.

17 junho 2008

Lá ou aqui-e-agora




Costumo dizer, desde os tempos da graduação, e agora em sala de aula com meus alunos, que a escolha por uma abordagem da Psicologia - dentre as diversas existentes - passa diretamente pelas questões pessoais do futuro psicólogo. As abordagens, entendo eu, são como óculos que a pessoa vai experimentando. Vejamos o que aconteceu comigo:

Coloquei um par - o da Psicanálise - e olhei em volta. Interessante, mas ainda continuo com minha visão turva, um tanto entortada pelos novos óculos.

Coloquei outro - o da Psicologia Analítica de Jung - olhei de novo. Hum... ainda não.

Mais um - o da Sistêmica. Um pouco mais próximo de uma visão confortável, mas ainda trazendo explicações que não me convenciam muito bem.

Finalmente coloquei o par da Análise do Comportamento. Bingo! Visão perfeita, nítida, cores brilhantes, formas bem delimitadas, campo de visão ampliado. Escolhi meus óculos.

Devo dizer que eles me servem até hoje, continuam explicando minhas inquietações (e trazendo outras, o que me faz viva academicamente). Meus óculos fazem mais brilhantes meus olhos!

No entanto tenho vivenciado situações e interações que me fazem pensar que eu devia ter experimentado os óculos da Fenomenologia, que passaram muito rapidamente por mim, atrapalhados por uma péssima professora (vendedores têm o delicado poder de embelezar ou enfeiar os produtos que apresentam).

A Análise do Comportamento me dá a possibilidade de prever. Não conseguiria viver sem isso. "Sou uma pessoa do futuro", vivo dizendo. A AC me permite viver o futuro agora, mesmo que com alguma margem de erro, própria do determinismo probabilístico. Em muitas situações essa possibilidade me faz muito bem.

No entanto, a vivência do aqui-e-agora fica negligenciada com tamanha preocupação (pré-ocupação). Venho percebendo isso nos últimos anos (três, acho) e bastante claramente agora. Ocupada com o futuro, deixo de contatar as contingências atuais, de me expor aos reforçadores que estão disponíveis agora.

Uma longa história de autocontrole! Geralmente, no meu caso, a vivência de situações que produzem reforçadores imediatos é acompanhada por sentimentos de culpa e vergonha. Daí vivi me esquivando desses sentimentos agindo, na maior parte das vezes, com bastante cautela, analisando cada possibilidade.

Devo dizer aqui, com muito orgulho de mim e da minha mudança, que aos pouquinhos estou conseguindo agir sem pensar muito no que vai ser daqui a cinco minutos, cinco dias ou cinco anos. Agir e sentir, é o que tenho tentado.

É bom!...

09 junho 2008

Quem ama vive a sonhar

Quem ama Vívian a sonhar
Quem? Ama, Vívian, a sonhar!
Quem ama? Vívian a sonhar...
Quem ama Vívian a sonhar?

Quem ama, Vívian, sonha!
Quem ama Vívian sonha?
Quem ama Vívian? Sonha...
Quem ama (Vívian) sonha.

Quem ama vivia a sonhar
Ama
Sonha
Vive
Quem?
Vívian

Vívian Marchezini - 09/06/2008

01 junho 2008

Bolo



Tic -Tac
Tic -Tac
Tic -Tac
Tic -Tac

Quando a sala de espera
É no próprio consultório...