31 julho 2008

Divagações



Com a proposta de curtir meus últimos dias de férias com saúde (foram poucos), corri na locadora e peguei dois filmes: O clube de leitura de Jane Austen e PS: I love you.
Filmes que mexem com Vivi... leves, mas que me fazem pensar, seja no passado, seja no futuro.
Tive a oportunidade de assistir a PS: I love you quando estava no cinema, mas achei melhor não. Não estava muito bem na época. Estava, por assim dizer, de luto. Lisbela como sou, morreria de chorar no cinema e tentaria me jogar no primeiro carro que passasse a 100km/h. Ainda bem que mesmo no fundo do poço mantenho alguma sanidade...
Depois de ver o filme ontem (momento certo, uma vez que já me sinto refeita do luto), fiquei me lembrando de como passei pela situação, ou pelas situações, já que perdi a mesma pessoa várias vezes. Toda a dor, o sentimento de vazio, de que nada mais faz sentido, nada tem graça. Despersonalização. Toda a noção de mim mesma passando necessariamente pelo outro e, naquele momento, sem o outro. Sem ele, sem mim.
Amigos foram fundamentais. Família. Terapeutas. Trabalho.
Sei que pra ele também não foi fácil e que, de certa maneira, ele também tentou me mostrar (como Gerry à Holly) que seria possível viver sem ele, voltando a ser eu mesma.
Estou buscando isso até hoje... mas agora sem dor.

Com O clube de leitura de Jane Austen fiquei louquinha pra montar de um clube de leitura. Já estava com vontade antes, mas tinha uma idéia diferente. Na minha idéia anterior, cada pessoa compraria um livro e depois os livros seriam trocados. Dessa maneira, dez pessoas leriam dez livros gastando apenas o valor de um.
Mas realmente a idéia de reunir pessoas para discutir suas impressões sobre a mesma obra me agrada muitíssimo...
Tenho me sentido cada vez mais atraída pelas artes, pelas letras... onde será que isso vai dar???

Bem, penso que os dois filmes me tocaram em um aspecto que tem permeado minha vida com muita freqüência - a autodescoberta por meio da ajuda dos amigos e das artes. Estou a caminho!

26 julho 2008

Mais Vinicius



Então ontem eu estava no salão de beleza. É um salão diferente, que dispõe livros ao invés de revistas Caras, Contigo e etc. Bons livros! Peguei o Antologia Poética, do Vinicius de Moraes e fui surpreendida por uma das coisas mais bonitas que já li na vida...


Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Rio de Janeiro, 1935

25 julho 2008

Recado



Tô super sumida daqui... Estou de férias, mas sem grandes emoções (meu organismo resolveu sentir tudo agora!) nem inspirações.

Volto logo, tá?

02 julho 2008

Retomando



Seguiu o conselho do colega: quebrar a regra e olhar para si mesma. Não mata.
Avistou o pequeno paraíso e seguiu seu rumo. Desejado rumo!
Costuma ficar assim quando a estrada se aproxima - verde.
Ou branca.
Já havia se presenteado com memórias vitorianas atualizadas em design moderno.
O romantismo a agradara deveras.
A sobriedade como pano de fundo - não saberia viver sem ela.
Agora, nos pés, o belo trabalho daquelas que trabalham cantando, sol a sol, em suas almofadas especiais. Alegria na adversidade.
Nas mãos o aroma do lar, da manhã em família, da casa deliciosamente cheia. Ou dos momentos de descanso. Há tempos não o trazia consigo.
Fez bem.
Os cabelos como a vida deve ser: reta, com estratégicas curvas anti-monotonia.
As luzes sobre os olhos trazendo a atenção para dentro da janela - inclusive a sua própria.
Pequenos detalhes, meticulosamente escolhidos.
Era o pretexto perfeito para a motivação mais simples e bela: sentir-se bem.