Em minha fantasia os livros criam diversas situações para serem lidos. Colocam-se mais à frente nas estantes, empurram os adversários, jogam-se (quem sabe assim, no chão, conseguem ser tocados por seus leitores em potencial). Penso que alguns até falam... quantas vezes tive a estranha sensação de ter ouvido meu nome, bem baixinho, sussurado ao pé do ouvido ao passar por determinada estante na livraria!
Conseguem ser lidas aquelas obras que dão conta de identificar e se adequar às necessidades do possível leitor naquele momento, como fazem místicos charlatães que identificam sinais e dizem exatamente o que a pessoa - vulnerável - quer ouvir: humor, romance, tragédia, lirismo, longas descrições, falas curtas e diretas, explicações técnicas.
Sou particularmente sensível aos argumentos iniciais dos livros nas estantes - tanto as de minha casa, como as das diversas livrarias que insisto freqüentar. Volúvel, me rendo à sedução de vários livros, sustentando por muitas vezes relações múltiplas, por outras vezes trocando de livro antes mesmo de terminar a história com a qual me envolvera mais recentemente.
Confesso aqui que aconteceu de novo. Vinha tentando ler As Ondas, de Virgínia Woolf há uns dois meses, desde que terminei As intermitências da morte, de José Saramago. Mesmo tendo cedido às investidas de Woolf, não dei conta de manter a relação. Não é de suas palavras que preciso agora. Meu tempo não é de melancolia.
Exatamente por isso minha mais nova paixão (reincidente, notem) é Saramago, dessa vez com O Homem Duplicado. Ele me prometeu humor fino e reflexão. Vamos ver o que consegue me proporcionar de fato.
Enquanto isso, vou seguindo também com Can you keep a secret, Álvaro de Campos, Carpinejar, Rubem Alves... relacionamentos esporádicos, intensos, mas não necessariamente duradouros! E está ótimo assim!
PS: Pesquisando durante a redação do post encontrei esta coluna bem interessante sobre o estilo de Saramago. Confiram!
Imagem: Flickr
3 comentários:
Bela crônica. Você traduziu muito bem o sentimento de ser permanentemente seduzido pela literatura.
Beijo
Adorei esta tua postagem, Vivi, mas, engraçado - adoro ler!!!!!! Sabes bem disso, mas não aguento ler Saramago e às vezes me pergunto porque - O Thiago adora!!!!!
Bjks
Norminha,
as palavras são para cada um. Entendo que não gostar de Saramago é como não gostar de goiabada, ou de salto plataforma. Uma questão de gosto, de identificação, não de ser melhor ou pior que qualquer outra pessoa... Quem sabe um dia você gosta? Ou não...
Dauri,
obrigada pela visita freqüente! Que bom que consegui traduzir esse sentimento que, acredito, seja seu também. Estou certa?
Beijos aos dois!
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