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31 outubro 2011

O silêncio é de ouro...

Imagem: Arquivo Pessoal

Oportunidades demais para falar,
Mas nada importante sendo dito:
Apenas ecos do vazio
No vazio.

Será a incomunicabilidade um determinante para a inspiração?
Será melhor o silêncio refletido,
O cultivo paciente de palavras-germes?

Desconectar
Expressar o válido
O autêntico

Nem tudo precisa ser dito
(Quanta liberdade!)

23 agosto 2011

Pronto?

Imagem retirada da internet, autor desconhecido.

Mais uma prova. Clara. Claríssima.
De quantas provas você precisa para parar de vez de fantasiar e de acreditar num futuro impossível?
A árvore dos dias está seca. Morta. Cortada em sua base, raízes feridas. Nenhuma folha sequer, nem mesmo um poético tronco ressequido contrastando com o céu azul.
Nada - dinheiro nenhum no mundo inteiro, prêmios milionários, propostas indecentes - nada fará o tempo voltar.
Nada fará com que a história que não aconteceu se transforme em possibilidade, em realidade.
Pare de perder tempo!
Contente-se com o que houve. Já.
Leia diariamente o oráculo. "Não existe amor insubstituível".
Abra-se verdadeiramente para o agora.
É agora que você tem.
Esta é a sua vida, não aquela.
Chega de ladainha. Paciência tem limites.
Ah!

23 junho 2011

Polaroid

Voltinha na praça - Arquivo pessoal

Alegrias instantâneas e duradouras:

* Um brotinho na orquídea
* Flores em promoção
* Um raio de sol no edredon
* Um versinho de Quintana
* Uma xícara de capuccino
* Companhia pro almoço
* Voz de criança
* Foto antiga
* Abraço apertado
* Chamego de vô
* Risada de vó
* Notícia de saúde
* Reencontros
* Biju
* "Fique com você"

21 maio 2011

Gestão de vida

Ficar de pernas pro ar e contemplar a vida - Imagem arquivo pessoal.


Administrar o tempo para:
- Trabalhar com uma qualidade razoável, cuidando para dar aulas interessantes e significativas e ouvir atenta e sensivelmente seu cliente;
- Estudar aquele assunto que te interessa e que pode ser o início de um caminho legal lá na frente;
- Fazer contatos profissionais;
- Praticar alguma atividade física, que te permita ter consciência do seu corpo e do lugar dele no mundo;
- Cultivar amizades, novas e antigas, de preferência de perto, não virtuais;
- Alimentar-se de maneira saudável, devagar e atentamente;
- Conectar-se consigo mesmo, de maneira a se sentir presente, inteiro e indispensável;
- Ouvir verdadeiramente os planos mirabolantes, as memórias repetidas, os comentários insólitos das pessoas que você ama;
- Admirar e se deixar inundar pelo sorriso infantil dos seus sobrinhos - ou dos seus avós;
- Investir em pequenos cuidados com a casa, que é seu templo;
- Regar as plantas, acariciar a gata;
- Fazer manutenção mínima no carro, que é um de seus maiores ajudantes na correria do cotidiano;
- Cuidar só um pouquinho da estética, ali quase num nível de autocuidado;
- Consumir arte - um pouco de música, alguns parágrafos de boa literatura, para alimentar a alma;
- Dormir, porque te transporta para longe da loucura e te reabastece para mais um pouco dela.
E quem foi que falou que viver é fácil?

31 março 2011

Luto

Fim da madrugada - arquivo pessoal


Ele morreu.
Ele morreu há meses.
Mas por muito tempo ela o manteve vivo. Vivo-morto em sua própria vida-morta. Fotos, mensagens, vozes, objetos, buscados de tempos em tempos, como num teste para ver se conseguiria trazê-lo de volta à vida, ou trazer-se de volta à vida, mesmo sabendo que a morte tinha sido o resultado de um processo de longo e irreversível adoecimento. Irreversível? Ela se perguntava sempre...
Difícil aceitar a morte, mesmo seguindo a própria vida. Vida morta. Vida quase-vida.
Difícil acreditar que ele pudesse ter uma vida após a morte. Morreu, acabou? É assim? Dúvida e incredulidade...
Depois de muito buscar sua presença - em vão, afinal nunca seria uma presença presente, mas sim uma presença morta, presença-ausência - percebeu que a própria vida-morta que vivia se devia à morte-viva dele. Constante morte, viva em sua vida. E que de tanto cultivar a morte em vida, não tinha condições de viver a vida-viva que a esperava.
Resolveu então ritualizar a morte. Os povos são sábios: há milênios enterram seus mortos (ou descartam seus corpos, de maneiras diversas), retirando-os de suas presenças, e ritualizam a morte. Rezam, dançam, bebem. Por horas, dias, varia... Marcam o fim. Finalizam a etapa, e assim abrem espaço para uma nova.
Entrou em quarentena. Quarenta dias relembrando o início e o meio, olhando atentamente para o fim e convencendo-se de que após o fim há um recomeço. Parece loucura, olhar bem para a morte para que ela simplesmente vire as costas e dê lugar à vida. Parece ilógico - será que ao atentar para a morte ela não vai gostar ainda mais daqui e vai acabar ficando, fazendo de vez da vida-morta quase uma morte-em-vida?
Não. Melhor confiar na sabedoria milenar, transcultural e dar encaminhamento a essa morte de uma vez. Respeitar a morte - posto que é fato, visto que é natural - mas não cultuar o morto. Ele morreu. E merece também reviver em outro lugar, de outro jeito, numa nova oportunidade. Espera, sinceramente, que ele viva bem após a morte, onde quer que seja, fazendo o que fizer, da forma que for.
Mas ela quer, muito mais que isso, viver após a morte dele. Uma vida-viva, de presenças presentes, de sensações, cheiros, gostos, sons, texturas, movimentos, corações retumbantes, água, vento, sol. 
Sol.
Sol.
"Assim é você, dia de sol na minha vida nublada". ... Mas o sol se pôs. Já foi o anoitecer, a madrugada, a maior escuridão da madrugada. É momento de abrir os olhos na escuridão da madrugada e ver nascer, lenta e lindamente, o novo sol. 
O próprio sol. 
A própria vida.

07 março 2011

Úmido

Quatro Girassóis Colhidos - Tela 600 x 354 - OST - 1887 (VINCENT VAN GOGH)

Naqueles dias chuvosos o céu branco reproduzia a luz fria da lâmpada fluorescente-hipnotizante, levando a mulher ao sono constante, mesmo depois de dormir por horas a fio.
As janelas necessariamente fechadas impedindo que a umidade estragasse os móveis novos e o chão do apartamento alugado impediam também que a mais leve brisa entrasse e trouxesse algo de vida para a casa.
Nem mesmo as flores recém adquiridas conseguiam dar à casa cor.
Os únicos sons do ambiente vinham das gotas da chuva incessante no telhado vizinho e dos suspiros da mulher, impaciente com a clausura imposta pelo clima típico do mês de março.
Sentia-se como um fungo.
Desejava uma casa na praia, a presença do sol, da brisa, de movimento, de cores outras além do branco.
Desejava a liberdade da integração com o mundo.
Era chuva demais para uma mulher tão girassol.

05 janeiro 2011

Straight

Imagem: Arquivo pessoal

Então é isso. Sejamos claros; é melhor que admitas alguns fatos:
Nada do que buscas encontrarás.
Qualquer fagulha de esperança será falsa. Vã. Fogo fátuo, produto dos dejetos de seu passado.
O otimismo é uma ilusão. Seu efeito é temporário, e mascara o pior, o real.
Estás fadado a um ciclo. Diante do real buscarás novamente a ilusão. Então encontrarás outra vez o real, e fugirás de novo para a ilusão...
Sucessivos caminhos e descaminhos.
Perdido.

A realidade dói.
Acostuma-te.

28 dezembro 2010

De lá até aqui

Imagem retirada deste blog

2010 começou com uma decisão. Só começaria assim. Não havia mais tempo para não-seis, quem-sabes, esperos. Encararia qualquer decisão, desde que tivesse esse caráter. Era necessário direcionamento. E a direção dada foi a do coração, do caminhar junto, para sempre (?).
Mas nem todas as decisões (ou quase nenhuma) dependem exclusivamente daqueles diretamente envolvidos. E outros aspectos - importantes, e juntos, mais fortes - fizeram com que a decisão fosse revogada.
Vinte e quatro horas de lágrimas naquele que estava marcado para ser o dia mais feliz de sua vida. Uma Macondo emocional: chuva e solidão eternas.
Alta produtividade para preencher o vazio que o grande amor lhe deixara: o trabalho era seu maior recurso naquele momento. Permitiu-se também ser salva por forasteiros de passagem, que assim como vieram - de modo absolutamente inusitado - se foram. Bem que dizem que algo só dura o tempo de sua utilidade ou missão. Assim foi.
Foi aos poucos entrando em contato com alguém que vinha evitando há anos, num paradoxo: descobrira que a melhor maneira de fazer com que seus pensamentos parassem era exatamente dar-lhes vazão. A liberdade acalma. E sua própria companhia, antes tão amedrontadora por não saber exatamente quem era, agora era a melhor de todas, imprescindível.
Teme ter somente sua própria companhia pelo resto da vida. Teme ser insuficiente para si mesma. Teme também se perder novamente caso encontre outra pessoa. Mas aprendeu - não neste ano, mas cumulativamente ao longo desses trinta e um - que o medo é só mais um sentimento.
Feliz 2011!

13 outubro 2010

Beija-flor

Imagem: Richard Dumoulin @Flickr

Diariamente ele vem
Meio afoito
Pronto para dar beijos sem fim
É lindo!
Chego a ajeitar os cabelos, umedecer os lábios.

Mas a decepção é dupla:
Não sou flor
Não é homem.

Voltemos à realidade...

13 março 2010

Aparar as sobras

Na gangorra daquela vida exaustiva de eventos mutuamente excludentes - "não por natureza, mas por circunstância", pensa rapidamente, antes que a primeira possibilidade lhe parecesse verdade - Dora passara da completa imersão no íntimo para a dedicação irrestrita ao ofício.
"Tudo que é demais é sobra". Conseguia lembrar-se nitidamente da voz da bisavó repetindo ao pé do ouvido a frase a cada vez que era surpreendida pegando mais um sequilho do tabuleiro recém-saído do forno. Estava agora exagerando nos "sequilhos" mais uma vez.
Dora está atenta. Vem buscando aquele famoso caminho do meio, no qual algumas coisas se perdem, mas quase todas se mantêm com alguma serenidade. Nada é garantido, e isso a assusta, admite. Mas se aprendeu alguma coisa com os caminhos tortos, certamente foi a habilidade de enfrentar, de se jogar, de arriscar sair derrotada, mas principalmente de arriscar vencer.

22 dezembro 2009

(Auto) aquecimento global



Seus sentimentos estão inconstantes como o clima desse dezembro estranho. Viram-se do sol radiante à mais terrível tempestade com a velocidade de um pensamento.
Ao fundo, a brisa fria, imprópria para a época, soprando persistente. Às vezes consegue se proteger com presentes ilusórios, ou fechando as janelas para o futuro incerto.
Entretanto percebe que não há muito o que fazer.
Precisa apenas saber ao certo que chão escolherá para si, e que caminhos deve recusar.

Imagem: A ventania - Anita Malfatti (1917)

10 dezembro 2009

Com a vassoura atrás da porta

Melancolia, que surpresa desagradável... Você sumiu há tanto tempo que já não esperava que voltasse. Não seja deselegante: perceba logo que não é bem vinda, dê uma desculpa qualquer e saia de fininho.
E faça a gentileza de não voltar!
Obrigada!


Havia colocado uma imagem belíssima para ilustrar o post. Mas a pedido da autora (muito gentil, por sinal), essa imagem está sendo retirada. Respeito aos direitos autorais é super importante!

02 novembro 2009

Feriado



Filme romântico
Chuvinha lá fora
Resfriado
Carência
...
Paciência!

Imagem retirada deste blog, onde estava sem créditos...

14 outubro 2009

Check list


Por provocar risos infantis
E eliciar taquicardias adolescentes
Suscitar planos responsáveis
E memórias das mais diversas cadências

Por ter o peso ideal
A temperatura perfeita
O olhar mais eloquente
A mão mais terna
A voz mais doce

Por me trazer o sol
O som
O sabor
A fome
A paz

Por tudo isso, só me faltava o sim.
Agora, não mais...

04 outubro 2009

Ferreiro



Ela é terapeuta. Abre a porta e convida a moça para entrar. Ouve as queixas da moça, coloca-se em seu lugar, pontua aspectos que talvez a moça não percebesse até aquele momento. Aquelas queixas remetem a terapeuta às suas próprias queixas, e ela fica buscando uma maneira de separar o joio do trigo e de encontrar estratégias para ajudar a moça - e a si mesma também.
Agora é a mãe da moça que entra. Estão ali as três: a terapeuta, a mãe e a moça. Relações delicadas, longa história de dependência, abnegação e esquiva. Chovem cobranças, acusações, palavras tortas, como granizo em teto super sensível.
A terapeuta fica se perguntando como intervir, procura traduzir algumas palavras de maneira a auxiliar a comunicação e conclui que se trata de uma conversa de surdos - ou de indivíduos falantes de idiomas diferentes (e portanto funcionalmente surdos).
A situação fica tão tensa que a mãe se retira, como diria a moça, "como um porco-espinho".
A terapeuta consegue então visualizar a relação de maneira um pouco mais clara: são como os porcos-espinhos da fábula, que ora se machucam com a proximidade intensa, ora se afastam e morrem congelados e sozinhos.
Após se despedir da moça a terapeuta fica pensando que talvez esse seja seu caso mais difícil. Ela entende bem o pobre ferreiro que sempre é julgado por ter espetos de pau em sua própria casa...

Imagem retirada deste site onde também pode ser encontrada a fábula dos porcos-espinhos...

23 setembro 2009

A



Ela sente sua garganta se fechando, fisicamente.
Como num processo alérgico, um edema de glote puramente emocional.
Puramente, mas não simplesmente.
Percebe ter gritos entalados em sua garganta.
Há dias.
A cada dia são acumulados mais alguns gritos.
Gritos de "chega", de "pára", de "que chatice".
Mas prefere não gritar, pois são muitas coisas envolvidas.
Muitas pessoas envolvidas.
Começa a compreender Lennon e seus gritos em Mother.
Terapia do Grito Primal.
Há de chegar a hora...

Imagem: Flickr

14 setembro 2009

Xis!


Sorrir com os erros, com os acertos, com as piruetas e os desequilíbrios.
Sorrir de sem jeito.
Sorrir com o balanço, com a ginga, a leveza e a graça - do outro e, aos poucos, seus.
Sorrir com o novo, com o atrasado que, paradoxalmente, chega na hora exata.
Sorrir com a criança: aquela que nasceu há pouco e a que acordou agora - dentro de você.
Sorrir com a volta, com o resgate, com a retomada de si.
Coisa boa é sorrir!

Imagem: La FruU, no Flickr

02 setembro 2009

Prey


Está aberta a temporada de caça aos sinceros.
Corra!
Escolha uma bela máscara - a do sorriso costuma afastar os caçadores.
Fale o mínimo possível.
Escolha cuidadosamente suas palavras.
Seja político.
Se não conseguir mentir, ao menos omita.
Lembre-se, é sua vida que está em risco!
Esconda suas fraquezas como quem esconde a prova do crime.
Esqueça o que são lágrimas.
Risque a ignorância do seu vocabulário.
Planeje cada passo.
Queime seu diário.
Assuma o posto que te deram, vista a beca.
E vá pela sombra.

Imagem: Flickr

16 agosto 2009

Sacudida



Chega de lamentos, de não-consigos e de não-vai-dar-certos!
Levanta, dá o primeiro passo, ainda que sem força e em falso.
Anda, mesmo que trôpego. Lembra do cavalo, que antes de galopar é potro fraco, de pernas bambas. Mas ao nascer ele já anda.
Pára de esperar que a vida te leve. A vida não leva ninguém.
Toma as rédeas, enfrenta o medo, que existe e é legítimo.
Percebe que as amarras se soltam; é tua inércia que as mantém.
Enxerga de uma vez por todas que nada vem pronto, que é preciso arregaçar as mangas e construir.
A vida é tua, com tudo de penoso e de delicioso que há no "ter" algo. Apropria-te dela.
Movimenta teu corpo e tua cabeça e esquece a ideia de que os outros são responsáveis por tua felicidade.
Sai desse lugar.
Cansei de te mostrar as possibilidades e de ser alavanca ou suporte. Minha vida também me espera.
Estou seguindo, e deixo a culpa pra trás.
Faz o mesmo, se houver algo de sensatez em ti.

Imagem: Flickr

08 agosto 2009

Ausente



"Alô!
...
Tudo bem, e com você?
...
A poesia? Não, ela não está. Era só com ela que você queria falar?
...
Puxa, você não tá com muita sorte, pois a inspiração saiu também.
...
Não, não sei quando elas voltam. Pode ser a qualquer hora. A inspiração é tão imprevisível!
...
Sim, realmente é possível que elas voltem juntas.
...
Mas olha, o trabalho está aqui, não quer falar com ele?
...
Não tá sozinho não. A expectativa também está, trouxe até a ansiedade, aquela desagradável. Detesto quando o trabalho se envolve com essa aí! Fica um clima pesado, sabe?
...
Uai, fazer o que? Me acostumar com o trabalho e esperar essa ansiedade ir embora! Uma hora ela vai. Da expectativa eu até gosto, sabe? De vez em quando ela vem aqui e a casa fica cheia, movimentada!
...
A alegria passou por aqui, logo que ela soube que o trabalho viria, mas foi embora quando a ansiedade chegou.
...
É, menina, elas não se dão bem. Engraçado que a alegria gosta muito da expectativa, mas não se dá com a ansiedade.
...
Concordo com você!
...
Tudo bem, então! Eu dou seu recado pra poesia.
...
Eu também sinto falta dela, mas realmente com o trabalho em casa não sobra muito espaço pra ela; eles são monopolizadores, sabe?
...
Uma casa maior? Pode até ser. Mas acho que mais organização já ajuda!
...
Tudo bem! Apareça qualquer dia! Quem sabe se você vier a inspiração fica mais em casa?
...
Tá, vou esperar!
...
Outro! Tchau!"

Imagem: Flickr