Férias. Ou quarentena. Ou resguardo. Esses quarenta dias em que estive afastada do trabalho (acabei de me dar conta da quantidade e do que ela geralmente significa) me descansaram, me curaram, deixaram-me pronta para o que vem por aí.
Foram muitos encontros importantes!
O encontro com o ócio, querido, sem culpa. Dormir até mais tarde, assistir a altas besteiras na tv até não aguentar mais de sono, ler ainda um pouco antes de desmontar na cama.
O encontro com o sabor. Apreciei comidas deliciosas, sem me deixar destruir, usufruindo apenas do que elas poderiam me oferecer de positivo.
O encontro com a gargalhada. Ai, que divertido brincar como criança, rir até a barriga doer, rir de coisas simples e bobas!
O encontro com o sol e com o mar. Estar com o sol sem desejar fugir dele, estar entregue, em meio ao casamento perfeito de seu calor com a refrescância e energia das águas salgadas que custo tanto a sentir.
O encontro com o inusitado, com o mal estar, com o alerta do corpo. Aceitar o que vem, não me rebelar. Foram consequências - farei diferente da próxima vez.
O encontro com a amizade. Em longas jornadas - a pé junto à lagoa, de carro rumo ao mar, no espaço intangível mas presente da internet - aprofundando a relação, tornando-a fecunda e mais clara.
O encontro com uma história compartilhada, suas raízes, pedras, santos, talentos, atrocidades, douradas ambições, conhecimentos populares, cheiros, sabores, pernas doces, pés de moleque.
O encontro com o desejo pelo conhecimento inútil, mas não fútil ou banal. Descobrir coisas belas e suas histórias pelo simples prazer que isso proporciona, pelo reconhecimento da minha enorme limitação e pelo embevecimento ao identificar a suprema arte do outro.
O encontro com o amor. O mais belo encontro, porque de novo, porque sempre, porque real quando já quase era ponto. Porque nunca houve reticências tão concretas, porque tudo o mais veio também.
O encontro com o medo. Ele frequentemente vem. Mas o que ele não sabe é que aprendi que ele vem, inevitavelmente, e que nem por isso vou fugir ou desistir dos outros encontros. Ao contrário, o convido para vir comigo - sem medo sou um perigo!
O encontro com a paz. Uma paz forte (mas não indestrutível, ou seria estagnação), capaz de silenciar o medo em vários momentos, capaz de silenciar meus pensamentos, pausar meus sonhos, abir meus olhos para o que logo passa, para o que não será, simplesmente é.
Imagem: arquivo pessoal, impossível deletar ou copiar...
3 comentários:
Muito bom, muito bom. Que beleza. Tomara que isto se repita mais vezes na sua vida.
Um beijo.
Amém!
Beijo!
Isso é o que podemos chamar de férias produtivas! Você soube mesmo tirar proveito desses dias.
Que se repitam mesmo!! Muitas outras vezes, com mais intensidade, mais paz, mais amor, mais aprendizado.
beijos
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