17 maio 2009

Estopim



Hoje levei um tapa na cara. Uma daquelas verdades que você enxerga mas que fica escondendo de si mesmo, por incômodas que são, por não encontrar no momento maneira melhor de lidar com elas. "Seu estopim está deste tamaninho!". Note que na minha história isso não é apenas uma constatação, mas uma punição das maiores: é inadmissível, para mim e para os outros, que eu não tenha paciência.

Perdi o fôlego ao ouvir a frase fatídica. Em segundos meus olhos marejaram. Segurei, afinal chorar seria mais uma mostra do meu estopim curto. Mas isso está na minha cabeça até agora.

Meu estopim está curto porque não estou aguentando mais viver de um jeito que não quero, ouvindo e vendo coisas que me incomodam e tendo que ficar calada porque minhas ações ou palavras não teriam nenhum efeito sobre a situação. Não estou suportando me sentir avaliada - sem passar na avaliação, obviamente - por pessoas as quais já não admiro tanto. É difícil até mesmo admitir que não admiro essas pessoas. Não aguento mais não conseguir determinar a existência ou não de silêncio, de "faça" ou "deixe de fazer". Meu estopim está curto porque sou mais do que isso, porque não me cabe essa vida, porque a que me cabe não está pronta ainda. Porque ainda é necessário esforço e o pior, paciência, para que ela fique pronta. A cada momento só penso "autocontrole", como um mantra, tentando me segurar pra não jogar tudo pro alto uma vez que neste momento a alternativa imediata me parece ainda pior do que a situação em vigor. Não aguento meu quarto apertado, minha cama apertada, a poltrona apertada do ônibus, as relações apertadas, sem espaço para a expressão. Não aguento a distância de espaço e tempo que me separa dos bons momentos, daquilo que me parece confortável e aconchegante.

Meu estopim está curto sim, e se quem me falou isso soubesse o esforço que tenho feito pra não explodir, pensaria duas vezes antes de usar esse fato como uma punição. Aff.


Imagem: sxc

Um comentário:

Norma Sá disse...

Que é isso?? Tu és a pessoa mais paciente que conheço!! É certo que às vezes nos sentimos assim e nestas horas sempre tem alguém que coloca o dedo na ferida, mas sei que és forte e que vais passar esta fase. Não sei do que se trata, mas sei que vais resolver isso na tua cabeça e a tua paciência vai voltar. Às vezes acontecem coisas com a gente que mais parecem um teste do nosso carinha lá de cima. Calma, minha querida, calma e aguarde a serenidade, que ela volta. Beijos