25 julho 2007

Novo olhar



Ontem fui ao salão, fazer minhas unhas. Estava precisando, depois de algumas semanas (quatro?) de cutículas grandes, unhas quebradas e restos de um esmalte propositalmente claro. Do meu pé eu não vou nem comentar, coitado...
Uma mulher vai ao salão por diversas razões: para se preparar para algum evento onde cara-de-todo-dia não combina, para se sobressair diante daquela colega deslumbrante e insuportável, para ser notada por outras pessoas, para encontrar com a amiga (no salão), para contar suas últimas aventuras (e desventuras) à manicure, cabelereira, recepcionista, "terapeuta"...
Uma visita ao salão funciona também como uma oficina, onde "a máquina" é levada para passar por alguns "reparos" necessários para o prosseguimento da viagem. Reparos na aparência e na auto-estima. Funciona como um auto-carinho, um cuidado para com alguém que, afinal de contas, você ama (ou deveria amar).
E então ontem, cercada de manicure e pedicure (homens, vocês não imaginam o quanto isso é bom!), olhei para frente e me vi refletida no espelho:
Cabelos presos num coque baixo despretensioso - tentativa de refrescar-me do calor atípico do inverno mineiro;
Meus pequenos brincos de borboleta, quase sempre comigo, fazendo companhia às pequeninas pedras de zircônia na tarefa (esta bem fácil) de embelezar minhas orelhas;
Camisa branca com alguns fru-frus;
Rímel leve nos olhos - agora sempre presente para espantar um pouco o aspecto freqüentemente cansado, fruto do trabalho intenso dos últimos meses;
Sobrancelhas alinhadas pelo rímel transparente, previamente arrumadas por mim mesma;
Bochechas naturalmente coradas por conta da breve caminhada sob o sol de meio-dia;
Boca nua.
E então me percebi bonita.
Isso pode parecer arrogante, metido, antipático, pouco modesto. Mas enxergar minha própria beleza foi um gesto importante para mim, pela minha história, pelo meu momento atual, pelas inúmeras comparações às quais me submeti e me submeteram, pela minha briga freqüente com meu espelho desde que me entendo por gente, pelos elogios que já ouvi e recusei por não acreditar neles.
Não que eu considere a beleza fundamental. Fui inclusive aprendendo a não considerá-la assim, para não me frustrar ainda mais. Mas confesso que ao me perceber bela começo a me ver um pouco mais completa, como se tivesse encontrado mais uma peça do quebra-cabeça.

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha querida amiga Vívian:

Recentemente fui obrigada a me render a esta realidade que você descreveu: a beleza é de fato uma peça que faz parte importante do nosso quebra-cabeça. Vivemos em um mundo que, apesar de não ser apenas isto, é também de aparências. E quando não estamos em paz com o famigerado espelho, sentimos mesmo que falta alguma coisa. E foi engraçado como quando fiz as pazes com esse "malvado", com este objeto impiedosamente franco que nos reflete fielmente, senti que até podia receber elogios, mas eles não eram mais necessários.

Um suposto amigo me disse que eu estava sendo convencida - assim como você achou que seria - porque as pessoas precisam de validação social. Precisamos, sim. Mas depois de um certo nível de maturidade acreditamos bem mais no que diz o espelho em sua franqueza do que o que nos dizem os maus observadores, as decepções da vida e as comparações indevidas. Aliás, existe comparação devida? Para mim, cada um deveria comparar-se apenas a si mesmo...

Gostar da própria imagem tem muito mais a ver com reconhecer o valor "conjunto da obra" do que com acreditar, indevidamente, que se tem um rostinho ou corpinho perfeito. Afinal, quantas destas supermodelos aí vivem se matando em dietas malucas sem jamais conseguir estar em paz com a própria imagem?

Assim sendo, por essa sua conquista intransferível e pelo "conjunto da obra" (tudo o que você já empreendeu até hoje), te dou os parabéns, Vívian. E não tem nada de convencimento em reconhecer-se bela, não. Você é uma mulher que tem muito do que se orgulhar. Continue olhando o espelho de frente!!!

Um abraço fraterno.

Anônimo disse...

Vivian,
Hj sei o quento isso significa pra vc. Desde o início de nossa convivência tivemos afinidades...e desde então tenho tido o prazer de conviver com a pessoa maravilhosa que vc é. Vc tem me ensinado muito...não apenas a exercer a profissão, mas a lidar com as dificuldades que tenho passado. Sinto-me acolhida, a cada vez que para, nem que seja, "só" pra me ouvir. E agora, te conhecendo ainda mais e vendo este desabafo te digo: VC É UMA MULHER LINDA!!!Não é só por dentro não...isso vc já sabe. Mas é bela... Gostar de nós mesmos é essencial. O mundo nos vê como nós nos vemos. Então, diga ao mundo como vc realmente é!!!(Aprendi isso com vc)Olhares invejosos virão..deixe que venham... estes nos fortalecem! E não exite em se reconhecer LINDA...