27 março 2009

Aff!



Acho uma chatice me queixar de cansaço. Sinto como se eu fosse uma ingrata, reclamona, preguiçosa.

Mas hoje (e nos últimos dias) eu digo, em alto e bom som: ESTOU CANSADA!!! De muita coisa.



Infelizmente não sei de quem é essa imagem. Mas acho que o pintor esteve em minha casa uma madrugada dessas...

14 março 2009

Superar é preciso



Acabo de assistir ao filme "O Escocês Voador". Assisti apenas à segunda metade, o suficiente para me emocionar e pensar em algumas coisas acerca do enfrentamento, da superação e da humildade.

O filme conta a história do ciclista (escocês!) Greame Obree. (Me desculpem as imprecisões ao relatar a história; como disse, assisti apenas a uma parte do filme - coisas de quem zapeia na tv a cabo até encontrar algo que valha a pena.) Obree cresce numa cidade no interior da Escócia, perseguido e maltratado por outras crianças da cidade, no que hoje chamamos de bullying, nome novo para antiga e cruel prática infantil. Para conseguir fugir dos "inimiguinhos", Obree passa a andar em sua bicicleta cada vez mais rápido, e acaba aprendendo que essa é não só uma boa fuga, como também algo que lhe faz bem. Penso que isso pode ser enquadrado na classe de respostas de esquiva adaptativa: uma interessante (às vezes a única possível) resposta de enfrentamento.

Obree passa a fazer da bicicleta seu meio de vida: trabalha como entregador e treina velocismo, batendo recordes nacionais e mundiais.

Me chamaram a atenção os diversos momentos em que Obree é boicotado pela Federação Mundial de Ciclismo, que criava novas regras a cada nova conquista do ciclista: Obree se adaptava às novas regras buscando alterar e superar sua própria maneira de trabalhar, e vencia novamente. Superação.

Além dos entraves burocráticos, Obree ainda precisava enfrentar suas dores pessoais. Não as físicas, mas as psicólogicas. Ter sido vítima de bullying deixou marcas importantes em sua auto-imagem, em sua auto-estima; mesmo campeão mundial, Obree sofria com a depressão.

No caso de Obree, a longa história de superação não foi somente benéfica. Ele sabia que estava mal, mas sabia também que conseguiria voltar a ficar bem, bastava que se esforçasse para isso. Foram anos de altos e baixos, ora sucumbindo à depressão, ora vencendo-a temporariamente. Obree teve seu bem estar adiado por muito tempo, por não perceber que a ajuda de outras pessoas - amigos e profissionais - se fazia necessária.

Somente após chegar ao fundo de sua dor, tentando o suicídio, é que Obree admite a possibilidade de estar doente e de precisar de ajuda profissional. Aqui entrou a humildade.

A história de Obree me emocionou porque consegui enxergar nele algumas pessoas que conheço e que me são muito queridas. Enxerguei um pouco de mim também. Me tocou a luta solitária para sair da tristeza, uma tristeza persistente e lenta, que age aos poucos, minando as forças da pessoa. Senti pena de Obree, de mim mesma (do quanto demorei a identificar que precisava de ajuda quando estava mal), dessas pessoas queridas que identifico que estejam mal também. Senti vontade de fazer algo por elas, de pegar suas mãos e levá-las a um profissional, de dizer: "faça psicoterapia, isso é uma ordem". Mas sei que isso não funciona, que não adianta obrigar uma pessoa a se cuidar se isso não é uma demanda dela mesma.

Eu já me cuidei. Me sinto bem agora (há algum tempo, graças a Deus e aos profissionais que me ajudaram). Talvez o que eu possa fazer seja isso mesmo: estar bem, disponibilizando minhas mãos para quando essas pessoas perceberem a necessidade de serem puxadas e amparadas...

01 março 2009

Sêneca



"Podes me indicar alguém que dê valor ao seu tempo, valorize o seu dia, entenda que se morre diariamente? Nisso, pois, falhamos: pensamos que a morte é coisa do futuro, mas parte dela já é coisa do passado. Qualquer tempo que já passou pertence à morte.

Então, caro Lucílio, procura fazer aquilo que me escreves: aproveita todas as horas; serás menos dependente do amanhã se te lançares ao presente. Enquanto adiamos, a vida se vai. Todas as coisas, Lucílio, nos são alheias; só o tempo é nosso. A natureza deu-nos posse de uma única coisa fugaz e escorregadia, da qual qualquer um que queira pode nos privar. E é tanta a estupidez dos mortais que, por coisas insignificantes e desprezíveis, as quais certamente se podem recuperar, concordam em contrair dívidas de bom grado, mas ninguém pensa que alguém lhe deva algo ao tomar o seu tempo, quando, na verdade, ele é único, e mesmo aquele que reconhece que o recebeu não pode devolver esse tempo de quem tirou."

Da economia do tempo - Em: Sêneca, Aprendendo a viver
Imagem: Flickr