13 maio 2007

Os meus, os seus, os nossos



Nesta última semana tenho pensado bastante a respeito de uma habilidade que o terapeuta deve ter: a habilidade de ser empático aos sentimentos de seu cliente, sem no entanto misturá-los aos seus próprios. Diria que isso é mais que uma habilidade, é uma arte. Porque é difícil pra caramba... Até falei com minha mãe que faria um curso de Ciências Contábeis, pois deve ser mais fácil mexer com o dinheiro dos outros do que com os problemas dos outros. Bem, quem me conhece sabe que eu não trocaria de curso ou profissão (ainda mais se ela envolve números!).
Nesse processo de se preocupar tanto com o bem estar do outro é muito fácil o terapeuta se esquecer de si mesmo. É normal perder o sono de madrugada e ficar pensando: "como eu posso fazer para ajudar o fulano, ou o sicrano? E com o beltrano, o que eu posso fazer?"??? Eu acho que não...
E então outro dia minha chefe lançou essa: "essa sua preocupação vai acabar quando você perceber que não pode resolver todos os problemas do mundo!". Minha arrogância estampada na minha cara... Minha dificuldade de lidar com frustrações, fracassos, perdas aparecendo em cada fio dos meus cabelos ruivos desbotados - até nos poucos brancos. E a frase da doutora está ecoando até agora nos meus ouvidos, esses que ouvem tanto as queixas dos outros e não têm muito tempo para ouvir as minhas...

Imagem: "Mulher no espelho", Pablo Picasso

4 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com sua chefe. Ela tem toda razão. Nada melor do que um dia após o outro. Vá com calma com relação a isso. Afinal, você tem que ter em mente que os problemas de seus clientes devem ficar no consultório quando você vai embora no fim do expediente. Não confunda sua vida pessoal com o trabalho. Caso você queira posso ser uma pessoa a ouvir suas queixas. Topa?

Vivi disse...

Primeiro preciso saber quem é você...
Às vezes é difícil apertar o botão de DESLIGA entre o trabalho e a casa, né?
Abraços

Anônimo disse...

Oi, sou o Leandro. Caso queira conversar mande um e-mail pra mim: leandrowbnpa@yahoo.com.br. Sempre entro em seu blog pois gosto de ler o que você escreve. Se quiser que eu seja uma pessoa a ouvir suas queixas, mande um e-mail. Abraços!

Vivi disse...

Oi, Leandro! Tudo bem? Acho que você é o Leandro que eu tô pensando, né?
Não sei bem se se trata de confundir meus sentimentos com os dos clientes, mas estar mais vulnerável ao sofrimento deles quando eu, por mim mesma, estou sofrendo... Aí bagunça um pouco!
Mas eu vou levando!
Obrigada pela disponibilidade! Tenho tentado me ouvir, mais do que falar aos outros sobre meus sentimentos. Neste momento quem mais precisa saber o que sinto sou eu mesma...
Volte sempre por aqui!
Um abraço!