07 março 2011

Úmido

Quatro Girassóis Colhidos - Tela 600 x 354 - OST - 1887 (VINCENT VAN GOGH)

Naqueles dias chuvosos o céu branco reproduzia a luz fria da lâmpada fluorescente-hipnotizante, levando a mulher ao sono constante, mesmo depois de dormir por horas a fio.
As janelas necessariamente fechadas impedindo que a umidade estragasse os móveis novos e o chão do apartamento alugado impediam também que a mais leve brisa entrasse e trouxesse algo de vida para a casa.
Nem mesmo as flores recém adquiridas conseguiam dar à casa cor.
Os únicos sons do ambiente vinham das gotas da chuva incessante no telhado vizinho e dos suspiros da mulher, impaciente com a clausura imposta pelo clima típico do mês de março.
Sentia-se como um fungo.
Desejava uma casa na praia, a presença do sol, da brisa, de movimento, de cores outras além do branco.
Desejava a liberdade da integração com o mundo.
Era chuva demais para uma mulher tão girassol.

5 comentários:

Dauri Batisti disse...

A ultima frase fecha muito bem todo o texto, muito bom. Beijo.

Vivi disse...

Obrigada, querido! Muito bom ter você aqui no meu "retorno".
Bjs!

Nilzabeth disse...

Conforta saber que mesmo em meio à tanta chuva, um girassol não perde sua essência. E amanhã é sempre um novo dia, com novos sóis, quem sabe!!!
Lindo texto Vivi. Adorei!! :)

Mi Malcher disse...

Que texto apaixonante, Vivi...
Enormes saudades de você e do nosso "clube"... Beijos meus e de Bia!

Vivi disse...

Querida amida Mi Malcher!
Saudades sinto eu, muitas, e vergonha também. Como pode alguém amar tanto e sumir tanto?
Não me entendo...
Dê um cheirinho meu na Bia, da tia mais ausente que uma criança possa ter...
Beijos