23 janeiro 2006

Ipês e nostalgia...


Pulando de link em link acabei chegando na página do Rubem Alves. Pensador mineiro (quanta honra!), escreve coisas belas e, como diz em seu livro Lições de Feitiçaria, escurecedoras, uma vez que nos levam não ao conhecimento dado, mas às perguntas... Quando estava terminando o mestrado comentei com um professor e amigo: quanto mais leio para a dissertação, tenho mais certeza que não sei nada! Ele suspirou aliviado e disse: que bom! Você está no caminho certo...
Digressões à parte, cheguei a um texto do meu conterrâneo, que falava dos ipês. Um trechinho:
"Conheci os ipês na minha infância, em Minas, os pastos queimados pela geada, a poeira subindo das estradas secas e, no meio dos campos, os ipês solitários, colorindo o inverno de alegria. O tempo era diferente, moroso como as vacas que voltam em fim de tarde. As coisas andavam ao ritmo da própria vida, nos seus giros naturais."
E lendo aquilo me bateu uma saudade de Minas... porque ipês são para mim a cara de Minas. A cara das estradas de Minas na Semana Santa, juntamente com as quaresmeiras. A cara da minha infância. Consigo sentir agora, enquanto escrevo, a sensação de alegria e ansiedade por estar viajando, a caminho do paraíso... Pra mim nenhuma estrada é como as estradas de Minas, com seu lindo mar de montanhas, salpicado do amarelo dos ipês.
Os ipês me trouxeram a Minas que não tenho mais. A Minas que não vi quando estive por lá em dezembro. Aquela que ficou na minha infância e na adolescência.
Por isso que se um dia voltar a morar em Minas quero morar no interior. Assim poderei ver ipês sempre...

7 comentários:

Carmen disse...

Supervívian, esse seu post conseguiu a proeza de fazer sentir saudade de Minas até quem está em Minas... acho que é isso mesmo... é a Minas da infância, que é mais montanhosa mais amarelada dos ipês, mais aromática (do pão de queijo, do café), mais arejada, mais prazerosa...

Será que foi Minas que mudou ou somos nós que já não temos mais os cinco sentidos pra sorver mundo, absortos nas coisas adultas?

Depois desse seu post, deu vontade de "voltar" a Minas...

Vivi disse...

Boa pergunta, Carmen... Ouso dizer que as duas opções são válidas...

Anônimo disse...

Oi Vivian.
Não tenho nostalgia por ipês e não sou nada naturalista...

O que me dá muita saudade é da turma de infância, to tempo em que ficavamos o tempo todo na rua com a turma, sentados no passeio e com nenhuma grande preocupação em mente.

Anônimo disse...

Não conheço os ipês mineiros, nem as estradas de Minas... Mas acho que tô começando a entender de saudade... Minha infância tbm tem povoado minha memória!!!

Vivi disse...

Ô Mi... Logo você vai ver que a saudade passa a fazer parte da gente. E que o jeito é conviver com ela! Vá em busca dos seus objetivos e verá que vale a pena!
Beijos!

Anônimo disse...

O rubem Alves é sem dúvida um cara sensacional. Alguém comentou que perdemos a capacidade de sorver a vida á medida que crescemos... o Rubem escreveu isso de uma maneira muito bonita que vou tentar me lembrar aqui: "quando somos crianças nossos olhos são como baldes vazios prontos para se encher de vida... o problema é que quando ficamos adultos os baldes se enchem de água e não há como encher mais..." é mais ou menos por aí. Mas por falar em falta da uma olhada na homenagem que fiz aos amigos da federal: http://gugamachala.blogspot.com/2006/01/ausncia.html

Vivi disse...

Lindíssimo comentário, Gu. Chorar deve esvaziar nossos baldes/olhos, né? E se a gente se permitir enchê-los de vida...